Leitores assíduos e ácidos
Na qualidade de jornalista que gosta de escrever (hoje, modernamente, existem os jornalista “interneteiros” que copiam e colam), uma grande tristeza me invade quando me esbarro com o paradoxo dos leitores que não sabem ler! Um grande número aprendeu a ler, mas não interpretar o texto, ai lhes falta à plena alfabetização! Algumas palavras fáceis para alguns são difíceis. Também me aborreço com aqueles que só lêem o jornal se o ganharem graciosamente. Às vezes eu dou birra; mesmo que o exemplar seja de cortesia não dou, digo que a edição esgotou, arranjo uma desculpa qualquer e indico o sujeito, ou a sujeita, para ir à banca onde vai ter que deixar “dois contos”.
Claro que existem exceções, como caso da velinha aposentada, hipocondríaca, que vende cocadas de porta a porta para completar a ajuda de sobrevivência do INSS (Ou chamam aquelas merrecas de aposentadoria?), e me trouxe um atestado de pobreza pedindo a doação de uma assinatura de nosso pequeno jornal pelo período de um ano. Além doar a assinatura, renovada a cada ano, lhe dou mais vinte exemplares do nosso Vanguarda, que é quinzenal, para que ela venda e assim seja ajudada no pagamento da conta da farmácia. Para leitores assim, assíduos e não ácidos, dá-nos prazer de escrever!
Mas não posso me esquecer o dia em quase morri, de rir, quando uma universitária, certamente cursando letras apagadas, me garantiu ser “leitora ácida” do meu jornal Agora assiduamente dou uma olhada na tal moreninha sem cometer o pecado de chamá-la de loira. Afinal também existem morenas burras, e até professores! Um dia um professor de português me reclamou que havia encontrado dez erros em uma edição, de troco eu dei uma risada, o chamei de burro, e blefei que nela havia sessenta e oito erros, e não dez. Acho que ele está até hoje procurando os demais erros, pois nunca mais procurou para falar de sua revisão!
Leitores ácidos são os que não perdoam um deslize da revisão, alguns chegam a ligar para a redação para indicar a página, a notícia, o parágrafo e a linha onde está um erro, por exemplo, de troca de letras. Não sabem estes leitores “atentos” que um estudo, científico, realizado em Londres, afirma que se escrevendo uma palavra com letras trocadas, desde que ela esteja no contexto de uma frase e mantidas a primeira e última letras em posição correta, a quase totalidade dos leitores a lerá corretamente, sem se perceber as letras embaralhas.
Também ácidos e por vezes açodados, são aqueles que recebem o jornal e nunca o lêem, preferindo saber à notícia por boca de terceiros. Quase sempre desvirtuada! Assim por cá, no meu entorno, existe um gerente de banco que nunca lê os elogios, ou pelo menos as citações feitas a sua presença em alguns comparecimentos a eventos e outros motivos. Sabendo isto, aproveitei-me das longas filhas nos caixas do citado bando e dei uma “queimada”, e até dizendo que a responsabilidade era do gerente fulano. Não deu outra, me telefonou e açodadamente, com voz ácida, e reclamou que nunca eu o havia elogiado, mas eu o soube criticar!
O “asno”, de quem fala asneira, ficou berrando ao telefone, que deixei fora do gancho apoiado na mesa, enquanto eu tomava um cafezinho e ria, ria muito. Pois por fim o fiz abrir as páginas do jornal!
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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda que se esforça não pra burro, como dizemos no popular, mas para leitores que leiam com a atenção e compreendam as dificuldades de se editar um jornal de interior.
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