Valparaíso: a gente nunca esquece
V A L P A R A Í S O : a gente não esquece
Lendo a Autobiografia do Desembargador Yoshiaki Ichihara, natural dessa cidade e onde passou parte da mocidade, lembrei-me de alguns bons momentos de que desfrutei vivendo também ali, pelos anos de 61/62. Fui professor de Português no Colégio Técnico e talvez até tenha tido o desembargador como aluno. Que bom seria, então. O ex-prefeito de Promissão, Geraldo Chaves Barbosa, também meu ex-aluno, nas solenidades em que eu estava presente, não esquecia de cumprimentar-me publicamente como “meu querido professor”. Mas o fato de ser professor, diziam-me algo curioso: os patrícios afirmavam que havia um japonês louco ensinando Português. Algo inacreditável, na época. Quem não se lembra das quermesses nas Igrejas situadas nas fazendas de café do Lunardelli?
Trabalhava na Caixa Econômica em Bento de Abreu, bem próxima. Éramos quatro funcionários, além do gerente, Carlos Bexiga. Humano, compreensivo. Às vezes ficávamos uma semana ausente, na Faculdade de Direito de Bauru, e quando voltamos, deixava a gente assinar o ponto. Visitei a cidade recentemente. Esperava encontrar a agência, hoje Banco do Brasil, mas que decepção: foi fechada. No lugar funcionava uma loja. Com o tempo, os funcionários foram se transferindo, inclusive eu que voltei para Promissão, nomeado que fui para o Banco do Brasil. Só restou um, que tomava conta de tudo, inclusive do dinheiro. Um dia, não hesitou: pegou todo o dinheiro e fugiu com a família. Até hoje não o encontraram.