CRÔNICA SOBRE MAL CRÔNICO

Presentemente, registram-se ocorrências de discriminação racial nos estádios de futebol. Há dias, para variar, o fato repercutiu na Espanha, agora voltado para jogadores brasileiros, quando, em campo defendendo a camisa do Barcelona, teriam sido vitimados pelos insanos ecos da onomatopeia de monos e alvos dos arremessos de cascas de banana nos molde a que vêm ocorrendo em outras praças de esporte, tanto no Brasil, quanto no estrangeiro.

Entretanto, paradoxalmente ao repúdio geral, a comparação a primatas não me incomodaria; igualmente, penso que nossos compatriotas integrantes daquela famosa equipe catalã não deveriam se deixar abater. Assisti um vídeo produzido recentemente, no qual um jornalista vivenciava em um restaurante japonês a surpreendente experiência de ser assistido por garçons nada convencionais: graciosos macaquinhos, que lhe rendiam serviços com impecável profissionalismo e "finesse". Já afirmei em textos anteriores: basicamente, seres vivos, somos todos iguais.

Trogloditas dos tempos modernos, que se deliciam com atos mesquinhos como o de tripudiar gratuitamente sobre seus semelhantes, ao abandonarem a arena esportiva onde o distrativo expectar da vitória de seu time seria, ou deveria ser, civilizadamente a razão ali de sua presença, retornam aos lares para o reencontro de seus amados "pets"; as inocentes e meigas criaturas aguardam e acolhem festivamente a quem acabara de perpetrar refinada crueldade a outrem com a frieza das hienas.

Tais atitudes consubstanciam a tese de que, afinal, pouco ou nada diferimos dos demais animais. Assim que, enquanto sejam eles seres mais aparentados a nós, nada soa necessariamente depreciativo e muito menos ofensivo se assemelhar aos primatas.

Conviria, pois, a nossos nacionais receber sem a pecha do ultraje essas cascas, aliás, parte da fruta tantas vezes desprezada, embora se saibam de seus múltiplos empregos - medicinais, alimentícios, etc. E, àqueles indivíduos de opaca visão e obtusa inteligência, que se retribua com uma banana, para que com ela se saciem ... e se engasguem ... e se entalem.

Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 31/03/2014
Reeditado em 22/04/2014
Código do texto: T4750414
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