Mudanças Medonhas
Borboletas fogosas, douradas e grandes bailavam em volta daquelas flores perfumadas e diferentes: triangulares, ovais, pontudas, estrelares...
Nos capins perfeitos e verdes, como se a 'mão natureza' cortasse todas as pontas e as pintasse de roxo, pululavam besouros grandes, azuis e cantantes...
Na lagoa verdecinza, transparente e quieta, brincavam pequenas e cintilantes carpas...
Céu azul claro, temperatura tépida e preguiçosa...
E eu??!! Onde estava mesmo?!
Admirava tudo à minha volta, porém onde? Como cheguei? Quem me trouxe aqui e como???
Aquelas perguntas tensas tomaram conta de minha mente e deixaram-me completamente desequilibrada!
Tão desequilibrada, que nem percebera as mudanças, que ocorriam naquele ‘divino cenário’...
Escureceu... Ventos fortes chegaram... Esfriou...
Comecei a olhar, de modo frágil e amedrontada, diante das mudanças repentinas e ininterruptas!!
As borboletas foram – admiravelmente – absorvidas pelas ‘plantasmonstros coloridas’... Um choque!!
Perderam-se todas as cores do belo lugar!! Incrível!
Os besouros cantantes e azuis passaram a cantar ensurdecedoramente! Cresceram, tornando-se feras imensas! Pastaram sofregamente todo o verde da região! Lugar morto... vazio!!
A lagoa tornou-se imensa, negra; de onde saíram ‘peixesmonstros’ , freneticamente...
Nossa! Deus, o quê era aquilo? Onde eu estava??
Coisas peludas e dentuças vinham em minha direção, vorazmente...
E agora?
Berrei como uma louca, fiquei imóvel, olhando para tudo aquilo, à minha volta...
Eles avançavam, simultânea e ameaçadoramente... Coloquei minhas mãos sobre meus apavorados olhos, sobre minha boca e ...
Morri...
Silêncio... Luz ardente... olhos assustados...
Isso seria a Morte?!
Sons inenarráveis me apavoravam, mas lentamente, tornaram-se claros, compreensíveis:
- “ Zeffa, pequena, acorde, vamos!”
- “Viu, Carlos, o quê você fez com ela? Ela tá morta?!”
- “Cala a boca, Nita, sei o quê fiz! Isso é efeito, passa logo...
Eu, Zeffinha, acordei assustadíssima com tudo aquilo... Levantei-me tonta, arrumei meus lindos cabelos ruivos, e gritei, nervosa:
- Que horror, imbecis! Por que fizeram isso comigo?! Eu não queria isso!!!
Carlos olhou-me, com ar de deboche e disse:
- Ué, gata, você disse que qualquer dia provaria essa ‘megadrogasonhante’!!!
Teve um pesadelão??
AH,AH, AH!!!!!
Thera Lobo ( março/2014)