A "PRACATA" DE MINHA VÓ.

Entrei na sala e ela estava lá: deitada com as perninhas girando no ar numa vã tentativa de se virar.Me aproximei para bater nela com a vassoura que eu tinha nas mãos,pois isso aconteceu em um momento em que eu varria a casa.No momento em que toquei nela com a vassoura...ela se agarrou como se ali estivesse a ultima chance de se virar e se manter viva!!!Subiu rapidamente pela vassoura e veio em direção a meu braço. Arrepiei-me num misto de asco e susto e joguei a vassoura no chão. Depois, já refeita. Peguei a vassoura (a barata já havia saído em uma fuga desesperada pela casa, rsrs). Corri atrás dela dando vassouradas pelo chão, até que a acertei!

Ela fez um som estranho ao “estourar”, se mexeu ainda durante alguns momentos, depois ficou estática.

Lembrei-me de quando era menina e morava próxima se minha avó: Quando nos dias de verão as baratas surgiam e andavam pela casa, minha avó corria atrás dela, com o chinelo na mão até que num golpe certeiro atingia o pobre inseto em fuga.

Minha avó ficava feliz com tal gesto:

-Acertei!!!

Eu olhava no chão e via a barata “estourada” com algo nojento e viscoso saindo dela...

Embora eu soubesse que ela a havia atingido com seu chinelo, só para ver minha vó com aquele seu jeitinho feliz e simples eu a provocava para a ouvir falando com seu modo simples e sincero:

-Vó, como a senhora matou a barata?

-Ah... Eu dei uma “pracatada” nela!!!

(“pracatada” por ser com uma alpargata=pracata. Seria uma alpargatada, porém minha vó era muito simples e nem sequer sabia ler).

Que saudade de minha vó, de seus doces... Suas histórias e seu carinho.

Wal Ispala
Enviado por Wal Ispala em 30/03/2014
Reeditado em 30/03/2014
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