RACISMO
Embora o termo esteja empregado erradamente, o racismo é uma manifestação natural do ser humano e, assim como o preconceito e a discriminação, na sociedade atual, são comportamentos altamente condenáveis uma vez que, independentemente de qualquer análise, relega ao ostracismo a todos aqueles que apresentem algo diferente do grupo social ao qual pertence o indivíduo que está na posição de julgador.
Esse sentimento de competição pode ser observado em todas as Classes dos seres vivos, desde os mais simples unicelulares até aos pluricelulares de alta complexidade e considerados topo de cadeia alimentar. Portanto o ser humano não poderia ser exceção.
Desde os primórdios, bem antes que os seres humanos habitassem cavernas, qualquer indivíduo alheio ao grupo que se aproximasse era rechaçado, salvo naqueles casos em que a Genética de Populações identifica como “Efeito Estrangeiro”.
Vale a pena abrir parênteses para esclarecer esse termo.
Sabe aquele alvoroço que toma conta da rapaziada ou das moças, quando aparece uma pessoa diferente no bairro, na escola, ou no clube, que faz com que os nativos fiquem exibindo as “qualidades”, que eles julgam ter, a fim de impressionar?
Pois bem, isso é o Efeito Estrangeiro.
Esse fenômeno está diretamente ligado à nossa necessidade de variação gênica, a fim de evitar, ou minimizar, os efeitos da consanguinidade.
Até bem pouco tempo, se considerarmos o tempo histórico, o ser humano agia tal e qual os outros animais.
O macho alfa é desafiado para duelar com um macho jovem proveniente de outro clã e, em caso de derrota, ou morre, ou se afasta do grupo ou cede a posição de reprodutor e se submete à nova liderança.
Na sociedade atual esses embates já não são mais admitidos, mas o rapto de fêmeas, como descrito no rapto das Sabinas, embora esporadicamente, ainda ocorrem.
Somos seres sociais e agimos tal e qual os cães, macacos, golfinhos, felinos e outros nossos parentes bem próximos ou, nem tanto, afastados e no nosso núcleo familiar, reproduzimos a hierarquia facilmente verificada nos outros animais sociais, com o casal reprodutor (os pais); as fêmeas que não reproduzem, mas que cuidam dos novinhos (as filhas solteiras do casal) e os machos jovens que são expulsos do bando para não cruzar com a mãe e com as irmãs (os filhos homens do casal).
Retornando ao grupo primitivo, temos que nossa evolução nos levou a sermos caçadores oportunistas, recolhedores e extrativistas.
Diferentemente de alguns insetos que cultivam o fungo para sua alimentação ou “criam” pulgões (apelidados de vaquinhas) para se alimentar do excremento rico em glicose, o ser humano só aprendeu a dominar as técnicas de cultivo e criação a partir do momento em que se tornou sedentário, abandonando o nomadismo, totalmente em algumas culturas e parcialmente em outras.
Há que se registrar que ainda existem poucos, bem poucos, grupos que são nômades por excelência como os Tuaregues (África saariana), povos pastores que vivem muito além do Cáucaso (Ásia central), esquimós (acima do Círculo Polar Ártico) e remanescentes de povos como Aborígenes, por exemplo.
Com o sedentarismo, aprendemos as técnicas agrícolas; a domesticação de animais de carga; a metalurgia e passamos a acumular riquezas cobiçadas por todos.
Entretanto, na sociedade organizada, aquele hábito oportunista de recolher a coisa pronta, tornou-se crime e ganhou o nome de “roubo” e quem o pratica é “ladrão” e o ladrão pode levar qualquer coisa, desde um pé de coentro à toda fortuna acumulada pela vítima, ou a mulher do chefe do clã (o macho alfa).
Um caso bem conhecido é o de Helena, raptada por Paris, contada no poema Ilíada de Homero, o poeta grego.
Então, qualquer pessoa estranha que se aproximasse do grupo social estabelecido era, e ainda é, visto como um diferente, um possível predador, um ladrão em potencial e, como tal, não podia e não devia ser bem vindo, muito menos aceito.
Associada ao preconceito está a discriminação, bem mais nociva vez que, além da não aceitação pura e simples, tenta por todos os meios impedir a adaptação do recém chegado.
Talvez numa revitalização do antigo costume de eliminar o diferente, temos assistido a ação predatória de grupos rivais como os skinheads e torcidas organizadas, contra grupos menores (as chamadas minorias) ou indivíduos portadores de deficiências físicas ou mentais, homossexuais, negros, asiáticos, indígenas, etc. A essas ações, contra etnias, sempre se associa o termo Racismo.
Há um equívoco no uso do termo racismo para expressar o preconceito ou o vandalismo contra seres humanos porque, Raça é um termo biológico que define uma ou mais características ou aptidão de determinado grupo de indivíduos.
Como exemplo, podemos citar muitas raças de animais que evidenciam essas características ou aptidões:
- nos equinos:
Esporte – Puro Sangue Inglês, Árabe, Andaluz, Appaloosa, etc...
Trabalho com gado – Quarto de Milha, Shire, Pantaneiro, Crioulo, etc...
Passeio – Manga larga Marchador, Árabe, Andaluz etc...
Equoterapia – Piquira, Pônei, etc...
- nos bovinos:
Carne – Nelore, Santa Gertrudes, Simental, etc...
Leite – Holandês, Gir Leiteiro, Jersey, etc...
- nas aves:
Ovos – Rhode Island Red, New Hampshire, etc…
Carne – Gigante Negro de Jersey, Orpington Buff, etc...
Ornamentação – Garnizé, Galinha D’Angola, etc...
Esporte (briga) – Galo Calcutá, etc...
- nos ovinos:
Lã e Pele – Corriedale, Merino Australiano, Romney March, Suffolk, etc...
Carne e Pele – Santa Inês, Cariri, Dorper, etc...
- nos canídeos:
Pastoreio – Collie, Pastor Alemão, etc...
Serviço – Husky Siberiano, São Bernardo, Pitbull, Doberman, etc...
Caça – Fox Terrier, Basset, etc...
Companhia – Pinscher, Poodle, etc...
Policiamento – Pastor Belga, Pastor Alemão, Rottweiler, Dobermann, etc.
Mas o ser humano é diferente, porque nossa espécie tem a capacidade de exercer qualquer atividade, seja ela braçal ou intelectual.
Nossa capacidade vai desde dar um simples nó para unir as pontas de duas cordas a construir um satélite de comunicação ou um submarino atômico.
Se bem treinados, nós podemos riscar um fósforo ou detonar a bomba atômica; pilotar um submersível até as regiões abissais ou uma espaçonave, pelo simples fato de que:
NÓS NÃO TEMOS RAÇAS
e parafraseando o romancista Érico Veríssimo, constatamos que nós, os seres humanos, somos incrivelmente um só.