O amanhã

O amanhã. O amanhã! O amanhã?

O amanhã é certo. Certo? Pelo menos assim parece ser. Que o sol vai nascer amanhã, disso eu não tenho dúvidas. É o que diz a música do Renato Russo: "Mas é claro que o sol vai voltar amanhã, mais uma vez, eu sei".

Entretanto minha dúvida é: será que o sol vai nascer para mim amanhã? Será que o sol vai brilhar para você amanhã? Que o amanhã vem, isso é claro. Se não for para mim, ou para você, indubitavelmente virá para alguém.

Mas quando o manhã não vem?

Quando estamos tristes, desanimados sem esperança, nos faz bem pensar que o amanhã virá, que o amanhã é outro dia, que sol vai voltar a brilhar - metaforicamente falando - faz bem pensar assim, alivia um pouco a dor.

Porém não é nesse tipo de situação que quero chegar, quero falar do amanhã que não vem, não vem para alguém que você não esperava. Como é triste esse amanhã, com certeza são os amanhas mais tristes que passaremos, que já passamos. Quando esse amanhã vem e não vem, é muito triste para aqueles que o vêem. Tudo fica triste. E é impressionante as coisas que nós deixam triste. É a louca suja que ficou na pia para lavar, que era para aquele que não viveu o amanhã lavar. É o despertador que tocou para despertar aquele que não acordou para o amanhã. É o amanhã em si que entristece-nos.

Já parou para pensar em quantos amanhas desses estão por vir em sua vida? Eu já. E infelizmente são muitos, e muitas vezes já pensei em pedir para Deus que o meu amanhã se antecipe, só para não ver esses amanhas.

Mas o amanhã é assim mesmo. Por mais que seja certo, ele é tão imprevisível, tão impetuoso. Bem dito seja Deus por nos dar a graça do amanhã. Amanhã triste, amanhã feliz. Essa é a graça. É saber que o amanhã existe, mas nunca saber como ele será. E como diz Chico Buarque: "apesar de você, amanhã há de ser outro dia".

Mas nada tira esse meu medo de deitar e não conseguir dormir, e de dormir e não conseguir acordar.

Então obrigado e até amanhã!