Um Nome e ... a Lua
pro Vinnie
Acredito que o nome que recebemos é muito importante e por isso queria muito dar um belo nome que tivesse um significado bonito ao meu rebento. Durante a minha gravidez pensava muito no nome Theo Vicente. Tinha quem tirava sarro dizendo que o menino teria trauma por ter o primeiro nome do então Presidente do Corinthians: Vicente Matheus. Eu nem liguei para os comentários e continuei a sonhar com o nome que eu achava lindo de viver.
Seria uma homenagem aos irmãos Van Gogh. Havia lido a biografia do pintor holandês e soube que seus quadros eram dificeis de serem vendidos. Enquanto viveu, os quadros de Vincent foram vendidos a um único marchand.
Vincent nunca ficou sabendo quem era este marchand. Era o seu irmão caçula que nunca lhe contou nada pois tinha receio da reação do Vincent. Theo imaginava que Vincent pudesse sentir humilhado e desistisse de pintar.
Me encantei com o Theo e seu amor pelo Vincent. O apoio financeiro permitiu Vincent dedicar-se exclusivamente à pintura. Theo não ganhava nenhuma fábula de salário mas, mesmo assim, sempre buscou incentivar o seu irmão. Como não se apaixonar por alguém assim? Difícil né?!
O pai do meu filho sugeriu o nome Ulisses. Belo nome sem dúvida. Nome do general da Guerra Civil entre o Norte dos EUA e o Sul e também o nome da famosa obra literária do irlandês James Joyce mas, logo provei que um nome assim seria como carregar um crucifixo por um calvário sem fim.
Um nome bem incomum que começa com a letra 'U' que tem no máximo 2 páginas com palavras em qualquer dicionário. Na fase de alfabetização o nosso Ulisses não teria muitas palavras conhecidas com a letra 'U' para incentivá-lo a escrever seu nome. Imaginava ele falar: "Ulisses começa com a letra 'U' assim como ... Uranus!"
A data prevista pela obstetra era 15 de janeiro portanto eu estava muito tranquila. Entrei de férias no dia 20 de dezembro mas até o dia 23 haviam festividades na escola e também na casa de amigos. Fui à todas e me despedi do pessoal: alunos, professores, colegas e amigos. Ainda teria alguns dias para providenciar o que faltava no enxoval, lavá-las e cuidar dos últimos detalhes na decoração do quarto do bebê e os cartões de participação que anunciavam o nascimento do bebê.
Mãe de prima viagem pode ler de tudo desde a formação do bebê até a sua chegada, ouvir conselhos da bisavó sobre como parar soluços com uma bolinha de linha ou lã vermelha colocada na testa do bebê, como fazer para o bico do peito não rachar mas, nunca confia que você sabe tudo por que você não sabe NADA! Sempre deixam um detalhe fora e você na certa vai pagar caro por isso. E como!
Dia 31 de dezembro de 1984, fui até o salão da Rosa que tinha acabado de voltar do Japão para fazer a mão e o pé. Incrível mas só havia uma senhora lá e já eram 9 horas da manhã. Achei estranho por que era dia 31 de dezembro e sempre era um dia corrido em todos os aspectos. Uma senhora bem idosa me olhou carinhosamente e perguntou de quantos meses eu estava. Respondi que de oito meses e meio segundo o cálculo da médica e que o parto deveria ocorrer daí duas semanas. A senhora olhou para o meu barrigão, fitou nos meus olhos e disse: "Sei não ... Lua cheia e virada de ano. Se eu fosse você, não tentaria nenhuma extravagância esta noite. Melhor ficar sossegadinha em casa, viu?"
Nunca tinha visto aquela senhora na minha vida e ela querendo me ditar o que fazer na virada de ano? Dei uma risadinha na direção da tal sábia mulher e disse: "Mas, a minha médica disse que o bebê é pra 15 de janeiro. Hoje vou jantar fora com o meu marido e abusar só um pouquinho por que segui todas as ordens médicas direitinho e hoje eu mereço uma taça de champagne". Dei mais uma risadinha e peguei uma revista 'Claudia' para ocupar a minha mente e não continuar com aquela conversa.
Passei pra ver os meus pais antes de voltar pra casa. Contei o ocorrido à minha Mãe que foi logo dar uma olhadela no calendário. Só pelo seu olhar vi que tinha algo que a incomodou. Minha Mãe disse para eu me cuidar por que a lua mudaria sim. Teríamos uma lua cheia naquela noite. Dei risada e minha Mãe falou seriamente: "Patricia, não brinca com isso minha filha. A lua manda na maré. Tem almanaque com calendário com as datas ideais para pescaria, podar roseiras, plantar este ou aquele vegetal ... Melhor você ficar sossegada esta noite".
Pois bem, naquela mesma noite, exatamente quinze minutos para meia-noite, eu dei entrada no Hospital São Camilo e às 10:48 do dia 01/01/1985 o meu filho, Vinicius Augusto, veio ao mundo pesando 2 kilos e 920 gramas.
Cartão de Participação do Nascimento
do meu primeiro filho: Vinicius Augusto:
Pode ter certeza que nunca mais duvidei do poder da lua. Muito menos das senhoras idosas e misteriosas.
pro Vinnie
Acredito que o nome que recebemos é muito importante e por isso queria muito dar um belo nome que tivesse um significado bonito ao meu rebento. Durante a minha gravidez pensava muito no nome Theo Vicente. Tinha quem tirava sarro dizendo que o menino teria trauma por ter o primeiro nome do então Presidente do Corinthians: Vicente Matheus. Eu nem liguei para os comentários e continuei a sonhar com o nome que eu achava lindo de viver.
Seria uma homenagem aos irmãos Van Gogh. Havia lido a biografia do pintor holandês e soube que seus quadros eram dificeis de serem vendidos. Enquanto viveu, os quadros de Vincent foram vendidos a um único marchand.
Vincent nunca ficou sabendo quem era este marchand. Era o seu irmão caçula que nunca lhe contou nada pois tinha receio da reação do Vincent. Theo imaginava que Vincent pudesse sentir humilhado e desistisse de pintar.
Me encantei com o Theo e seu amor pelo Vincent. O apoio financeiro permitiu Vincent dedicar-se exclusivamente à pintura. Theo não ganhava nenhuma fábula de salário mas, mesmo assim, sempre buscou incentivar o seu irmão. Como não se apaixonar por alguém assim? Difícil né?!
O pai do meu filho sugeriu o nome Ulisses. Belo nome sem dúvida. Nome do general da Guerra Civil entre o Norte dos EUA e o Sul e também o nome da famosa obra literária do irlandês James Joyce mas, logo provei que um nome assim seria como carregar um crucifixo por um calvário sem fim.
Um nome bem incomum que começa com a letra 'U' que tem no máximo 2 páginas com palavras em qualquer dicionário. Na fase de alfabetização o nosso Ulisses não teria muitas palavras conhecidas com a letra 'U' para incentivá-lo a escrever seu nome. Imaginava ele falar: "Ulisses começa com a letra 'U' assim como ... Uranus!"
Muito sem graça para qualquer criança aprendendo a escrever seu nome. Descartamos Ulisses.
Mas aí eu soube que o cartório poderia questionar o nome Theo e dizer que é um apelido e não um nome. Em 1985 não tinha isso de colocar qualquer nome sem o responsável pelo cartório meter seu nariz na escolha do nome do seu filho. Theodoro até que eu gostava mas queria Theo. Fui até o cartório da Rua Monte Alegre nas Perdizes e constatei que teríamos problemas sim se houvesse interesse em registrar o bebê com o nome Theo. Então, desistimos do Theo mas o Vicente ainda continuava firme e forte.
Fazer ultra-som em meados dos anos 80 era considerado luxo. Não estava disposta a gastar uma fortuna. Além do mais, sou mulher e tenho sexto sentido. Não é verdade? Saber o sexo da criança meses antes do nascimento seria um ultraje. Seria tirar toda a graça da surpresa do nascimento do rebento. Eu tinha 99% de certeza que seria um menino. Tanta certeza que nem pensei em nomes femininos.
Passava a mão na barriga e falava: Oi Vinnie! Bom dia filhão! Vamos ao trabalho com a Mommy?
O bacana mesmo era o apelido: Vinnie. Nunca falava Vicente mas sim Vinnie, ou Vinnie Vincent, assim como o baterista da banda Kiss. Isto é, até o dia que o Leandro, um aluno de treze anos, contou uma piada muito sem graça que tinha como protagonista um senhor chamado: Vicente Cagão. Entrei em fúria! Declarei guerra ao Leandro por causa daquela brincadeira de muito mau gosto, afinal, ele sabia que eu queria muito dar esse nome ao meu filho e ele estragou tudo! A turma toda se acabou de tanto rir e por um bom tempo se ouvia alguém sussurrando 'Vicente Cagão' em sala de aula. Como poderia chamar o meu primogênito de Vicente e não recordar aquela piada ridícula? Jamais daria esse nome ao meu filho. Jamais! Infelizmente, Vicente também dançou.
Conversei sobre o ocorrido com o futuro papai e vendo que eu já chamava o bebê de Vinnie ele sugeriu Vinicius. Nem pensei duas vezes. Vinicius seria o nome do nosso filho! Mas, e um nome do meio que combinasse com Vinicius? Quase que instantaneamente veio o nome Augusto que agradou muito ao pai e o meu Tio Jorge cujo nome do meio era Augusto. Ficou decidido que o bebê receberia o nome de Vinicius Augusto.
Nome de poeta, do Pequeno Poeta que encanta a todos até hoje com a sua poesia e música: Vinícius de Moraes.
Mas aí eu soube que o cartório poderia questionar o nome Theo e dizer que é um apelido e não um nome. Em 1985 não tinha isso de colocar qualquer nome sem o responsável pelo cartório meter seu nariz na escolha do nome do seu filho. Theodoro até que eu gostava mas queria Theo. Fui até o cartório da Rua Monte Alegre nas Perdizes e constatei que teríamos problemas sim se houvesse interesse em registrar o bebê com o nome Theo. Então, desistimos do Theo mas o Vicente ainda continuava firme e forte.
Fazer ultra-som em meados dos anos 80 era considerado luxo. Não estava disposta a gastar uma fortuna. Além do mais, sou mulher e tenho sexto sentido. Não é verdade? Saber o sexo da criança meses antes do nascimento seria um ultraje. Seria tirar toda a graça da surpresa do nascimento do rebento. Eu tinha 99% de certeza que seria um menino. Tanta certeza que nem pensei em nomes femininos.
Passava a mão na barriga e falava: Oi Vinnie! Bom dia filhão! Vamos ao trabalho com a Mommy?
O bacana mesmo era o apelido: Vinnie. Nunca falava Vicente mas sim Vinnie, ou Vinnie Vincent, assim como o baterista da banda Kiss. Isto é, até o dia que o Leandro, um aluno de treze anos, contou uma piada muito sem graça que tinha como protagonista um senhor chamado: Vicente Cagão. Entrei em fúria! Declarei guerra ao Leandro por causa daquela brincadeira de muito mau gosto, afinal, ele sabia que eu queria muito dar esse nome ao meu filho e ele estragou tudo! A turma toda se acabou de tanto rir e por um bom tempo se ouvia alguém sussurrando 'Vicente Cagão' em sala de aula. Como poderia chamar o meu primogênito de Vicente e não recordar aquela piada ridícula? Jamais daria esse nome ao meu filho. Jamais! Infelizmente, Vicente também dançou.
Conversei sobre o ocorrido com o futuro papai e vendo que eu já chamava o bebê de Vinnie ele sugeriu Vinicius. Nem pensei duas vezes. Vinicius seria o nome do nosso filho! Mas, e um nome do meio que combinasse com Vinicius? Quase que instantaneamente veio o nome Augusto que agradou muito ao pai e o meu Tio Jorge cujo nome do meio era Augusto. Ficou decidido que o bebê receberia o nome de Vinicius Augusto.
Nome de poeta, do Pequeno Poeta que encanta a todos até hoje com a sua poesia e música: Vinícius de Moraes.
A data prevista pela obstetra era 15 de janeiro portanto eu estava muito tranquila. Entrei de férias no dia 20 de dezembro mas até o dia 23 haviam festividades na escola e também na casa de amigos. Fui à todas e me despedi do pessoal: alunos, professores, colegas e amigos. Ainda teria alguns dias para providenciar o que faltava no enxoval, lavá-las e cuidar dos últimos detalhes na decoração do quarto do bebê e os cartões de participação que anunciavam o nascimento do bebê.
Mãe de prima viagem pode ler de tudo desde a formação do bebê até a sua chegada, ouvir conselhos da bisavó sobre como parar soluços com uma bolinha de linha ou lã vermelha colocada na testa do bebê, como fazer para o bico do peito não rachar mas, nunca confia que você sabe tudo por que você não sabe NADA! Sempre deixam um detalhe fora e você na certa vai pagar caro por isso. E como!
No meu caso, acreditei piamente na minha médica quando ela falou que o meu bebê chegaria no dia 15 de janeiro. Estava contente com a data. Juro que estava. 15/01/1985 parecia uma bela combinação de números mas eu não contava com a mudança da lua.
Dia 31 de dezembro de 1984, fui até o salão da Rosa que tinha acabado de voltar do Japão para fazer a mão e o pé. Incrível mas só havia uma senhora lá e já eram 9 horas da manhã. Achei estranho por que era dia 31 de dezembro e sempre era um dia corrido em todos os aspectos. Uma senhora bem idosa me olhou carinhosamente e perguntou de quantos meses eu estava. Respondi que de oito meses e meio segundo o cálculo da médica e que o parto deveria ocorrer daí duas semanas. A senhora olhou para o meu barrigão, fitou nos meus olhos e disse: "Sei não ... Lua cheia e virada de ano. Se eu fosse você, não tentaria nenhuma extravagância esta noite. Melhor ficar sossegadinha em casa, viu?"
Nunca tinha visto aquela senhora na minha vida e ela querendo me ditar o que fazer na virada de ano? Dei uma risadinha na direção da tal sábia mulher e disse: "Mas, a minha médica disse que o bebê é pra 15 de janeiro. Hoje vou jantar fora com o meu marido e abusar só um pouquinho por que segui todas as ordens médicas direitinho e hoje eu mereço uma taça de champagne". Dei mais uma risadinha e peguei uma revista 'Claudia' para ocupar a minha mente e não continuar com aquela conversa.
Passei pra ver os meus pais antes de voltar pra casa. Contei o ocorrido à minha Mãe que foi logo dar uma olhadela no calendário. Só pelo seu olhar vi que tinha algo que a incomodou. Minha Mãe disse para eu me cuidar por que a lua mudaria sim. Teríamos uma lua cheia naquela noite. Dei risada e minha Mãe falou seriamente: "Patricia, não brinca com isso minha filha. A lua manda na maré. Tem almanaque com calendário com as datas ideais para pescaria, podar roseiras, plantar este ou aquele vegetal ... Melhor você ficar sossegada esta noite".
Pois bem, naquela mesma noite, exatamente quinze minutos para meia-noite, eu dei entrada no Hospital São Camilo e às 10:48 do dia 01/01/1985 o meu filho, Vinicius Augusto, veio ao mundo pesando 2 kilos e 920 gramas.
Cartão de Participação do Nascimento
do meu primeiro filho: Vinicius Augusto:
Pode ter certeza que nunca mais duvidei do poder da lua. Muito menos das senhoras idosas e misteriosas.
Vinnie e eu
no seu Batizado na Igreja NS de Fátima
no dia 07/07/1985