O PLUTO
POR CARLOS SENA
Eu gosto da puta, mas não gosto da Pluta. Eu gosto do gosto, mas nunca há um gosto perene que não seja oposto. Por isso gosto também do caju. Mas, o caju, com acento agudo ou não, se torna grave no seu pigarro. Há quem diga que nós, homens, somos um pouco desse pigarro: por mais doce que sejamos temos sempre um ranço. Mas ranço, ora diremos, há sempre nos sabores que a vida dá. Partindo do principio de que não há glória sem sacrifícios ou que “tudo muito fácil valor nunca traz”. Por falar em trazer, lembro-me do tempo que a gente trazia mangas lá da Mata Verde, mesmo do Bulandim. Doces mangas que a gente se lambuzava até escorrer pelo canto da boca, não imaginando que na capital a manga virou artigo de luxo nas prateleiras dos supermercados. Talvez por isto gosto de manga e de mangar. Margar dos “Zoto” é coisa boa e a gente bebeu nessa fonte lá nas terras do “papacaçar”. Porque gosto é como fiofó, como dizem os pudicos no lugar do cu e cada qual tem o seu. Não entendo porque todo mundo na sua intimidade fala de cu, mas sempre muitos preferem passar uma imagem de que da sua boca não sai nem uma “bosta” de arrego no palavrão. Por isso o gosto é diverso, ou não. Mas, não sendo diverso talvez seja de prosa. Nessa prosa meio arregaçada no rompimento do socialmente estabelecido, porque mais vale um gosto do que “dezmiréis”. Continuando com o que gosto também não gosto. Porque uma coisa se atrela a outra no mesmo limar. Profundo ou superficial, gostar não é gastar. E, quando a gente não sabe se gosta, talvez seja melhor comprar uma bicicleta e andar em cima dela. Porque na vida há sempre alternativas de ser ou não ser. Ficar no meio pode ser, mas nem sempre a gente acha um meio termo que não seja meio ermo nas suas colocações. Assim é o gosto, bem agosto, bem setembro. Bem maio e bem maior, bem Teyllor ou bem Fayol. Porque na vida tem muito pluto e muita pluta. Muita puta também e com louvor. Prefiro as putas. Nem sempre paridas, porque paridas eu prefiro as fatias. Quem, no natal, já não as comeu? Pois bem. Comer é o princípio do gosto que é estimulado pelo paladar. Há quem só palacome e há quem só paladar. Pelo sim e pelo não, não palo, nem parlamento, mas lamento a palo seco. No beco, na rua, na esquina. Choro de menina pura que busca seu pluto no gibi da vida e que, por não achar, vira a própria pluta em busca de um incerto amanhã. Amanhã, amanhecerá a fruta verde em busca de deixar de sê-la. Verdade? Mentira? Sei não, prefiro um samba quadrado e um texto meio doido a viver por viver imaginando que o amanhã será eterno.
POR CARLOS SENA
Eu gosto da puta, mas não gosto da Pluta. Eu gosto do gosto, mas nunca há um gosto perene que não seja oposto. Por isso gosto também do caju. Mas, o caju, com acento agudo ou não, se torna grave no seu pigarro. Há quem diga que nós, homens, somos um pouco desse pigarro: por mais doce que sejamos temos sempre um ranço. Mas ranço, ora diremos, há sempre nos sabores que a vida dá. Partindo do principio de que não há glória sem sacrifícios ou que “tudo muito fácil valor nunca traz”. Por falar em trazer, lembro-me do tempo que a gente trazia mangas lá da Mata Verde, mesmo do Bulandim. Doces mangas que a gente se lambuzava até escorrer pelo canto da boca, não imaginando que na capital a manga virou artigo de luxo nas prateleiras dos supermercados. Talvez por isto gosto de manga e de mangar. Margar dos “Zoto” é coisa boa e a gente bebeu nessa fonte lá nas terras do “papacaçar”. Porque gosto é como fiofó, como dizem os pudicos no lugar do cu e cada qual tem o seu. Não entendo porque todo mundo na sua intimidade fala de cu, mas sempre muitos preferem passar uma imagem de que da sua boca não sai nem uma “bosta” de arrego no palavrão. Por isso o gosto é diverso, ou não. Mas, não sendo diverso talvez seja de prosa. Nessa prosa meio arregaçada no rompimento do socialmente estabelecido, porque mais vale um gosto do que “dezmiréis”. Continuando com o que gosto também não gosto. Porque uma coisa se atrela a outra no mesmo limar. Profundo ou superficial, gostar não é gastar. E, quando a gente não sabe se gosta, talvez seja melhor comprar uma bicicleta e andar em cima dela. Porque na vida há sempre alternativas de ser ou não ser. Ficar no meio pode ser, mas nem sempre a gente acha um meio termo que não seja meio ermo nas suas colocações. Assim é o gosto, bem agosto, bem setembro. Bem maio e bem maior, bem Teyllor ou bem Fayol. Porque na vida tem muito pluto e muita pluta. Muita puta também e com louvor. Prefiro as putas. Nem sempre paridas, porque paridas eu prefiro as fatias. Quem, no natal, já não as comeu? Pois bem. Comer é o princípio do gosto que é estimulado pelo paladar. Há quem só palacome e há quem só paladar. Pelo sim e pelo não, não palo, nem parlamento, mas lamento a palo seco. No beco, na rua, na esquina. Choro de menina pura que busca seu pluto no gibi da vida e que, por não achar, vira a própria pluta em busca de um incerto amanhã. Amanhã, amanhecerá a fruta verde em busca de deixar de sê-la. Verdade? Mentira? Sei não, prefiro um samba quadrado e um texto meio doido a viver por viver imaginando que o amanhã será eterno.