O SHOW DE WALDICK SORIANO EM BARRA DO MENDES

O SHOW DE WALDICK SORIANO EM BARRA DO MENDES

O SHOW DE WALDICK SORIANO EM BARRA DO MENDES

( Wésio Pimentel- Celismando Sodré)

A Cidade estava em expectativa, sabe como é que é; show de Waldick Soriano, cidadezinha do interior, dá até para imaginar; bares e cabarés em festa, e só uma voz a ecoar pela cidade: “ Eu não sou cachorro não”, “Por favor leve esta carta” “Leve este chapéu contigo”. Nos quatro cantos da cidade a voz do grande ídolo. “Herói” dos boêmios, dos eternos amantes dos bares e prostíbulos.

Mas... não era só barzinhos e cabarés não, em residências e até outras casas comerciais, só dava Waldikão. Dizem até que no Bar do seu Lico Leite já teria acontecido uma tremenda discussão: É que apareceu por lá um frustrado cantor, que não conseguiu fazer sucesso, dizendo que o mestre da música romântica era cantor de brega, e que ele era cantor de MPB pura. De tanto o sujeito falar, o grande Lico Leite, que não é de ter “papa na língua”, e grande fã de Waldick, emendou com toda a razão matemática: “feliz de tu se tivesse vendido um disco em cada brega deste país, tu tava rico idiota”. Dizem que o sujeito calou e saiu de lá mais quieto do que “toucinho no saco”.

E o papo naquele pequena cidade só rolava em torno do grande cantor, alguns contavam proezas de valentia de Waldick, baiano da gema lá da região de Caetité, dizendo ter presenciado em São Paulo, no Rio e outros lugares, outros diziam que ele era um artista simples, que depois dos shows saia pelos bares da cidade com seus fãs a farrear, sem qualquer tipo de preconceito. Nas praças, nas ruas embaixo das árvores os comentários eram os mesmos.

E foi no meio desta ansiosa espera, já a tardezinha, o sol quente de verão se pondo por trás das serras daquela pequena cidade, que correu a notícia: ... o homem chegou, o homem chegou... nunca havia acontecido um alvoroço tão grande; era cachaceiros saindo dos bares, não ficou uma puta no brega, todos tinham que chegar, tinham que ver o artista, dar um abraço no ídolo. A porta da pensão de Dona Amélia de repente se viu cheia, com tanta gente como jamais se viu naquele lugar. Vinha gente de tudo quanto era lugar; homem, mulher, menino, pinguço de toda qualidade.

Lá estava ele, com seu jeito inconfundível, paletó, óculos escuros, e o seu mais famoso símbolo, o chapéu; estava no meio do povo como era o seu normal. Um abraça daqui, outro puxa dali, de repente um fã já meio embriagado lhe dirige a palavra dizendo: “Walldikão, paga uma cerveja pra mim porra, eu não sou cachorro não” ele olha para o sujeito, cria-se uma certa expectativa, um certo receio já que o cantor tinha uma fama de valente...ele abre o sorriso e dá o dinheiro para o nosso amigo comprar a sua cerveja. Tudo volta a ser uma alegria. Os litros de pinga circulavam de mão em mão. Um bêbado tira o chapéu de Waldick e manda o fotógrafo bater uma foto. De repente o artista pede para os seus fãs dar um tempo, ele precisa descansar, orienta o empresário a pedir desculpa ao pessoal e entra para o hotel.

Uma grande figura da cidade conhecido como “Laskas”, também artista de botequim, sanfoneiro de pé de balcão e dono do grande conjunto SECA LITROS, estava meio desiludido. Acontece que ele não queria perder o show que só ocorre uma vez a cada década ou mais, mas estava mais “duro” do que pedra bruta. Pensou em pedir emprestado num bar da rua da páia (rua das meninas), mas o crédito estava sumariamente cortado.

Então se lembrou da amiga sanfona, a boa e velha sanfona que em tantas noitadas esteve ao seu lado, mas não tinha outra saída, e teve uma brilhante idéia. Pegou a sanfona e foi a um certo bar de um sujeito pra lá de sovina, pensou lá com os seus botões: “ o jeito é empenhar o instrumento de trabalho , em troca de alguns trocados” dava para ir ao show e ainda sobrava para tomar uma “meotinha”(meia garrafa de pinga). E assim ele fez, o velho Laskas sai dali correndo pois a apresentação já estava começando. Chegando até a bilheteria do Clube comprou logo o tão sonhado ingresso.

E lá estava ele, parecia um sonho, o ídolo, o herói e seu fã frente a frente... emoções, aplausos, pedidos e mais pedidos. Ouvir ao vivo as mesmas músicas que ele tantas vezes tinha curtido com os velhos amigos. De repente, como era de costume, o grande artista oferece uma das canções as raparigas e os cornos, foi aquela vibração. Ao término do show para a grande alegria dos boêmios, Waldickão sai pelas ruas da cidade de bar em bar no meio da “turma de biriteiro”. E lá no meio da turma quem?? O grande Laskas, também conhecido com Mi. E foi cachaça neste mei-de-mundo. Ao amanhecer do dia, quando o sol estava apontando. O fã cisma de fazer uma homenagem ao seu ídolo. Queria tocar um forró, virou-se para todos pediu silêncio e falou alegremente:

- Waldick! Isperaí que vô ali buscar uma sanfona pra gente tocar uma

Waldick responde já mal humorado:

- Vá ... mas, pelo amor de Deus não volte sem esta sanfona, se não vai ter problema!!

Ah... menino!! O velho Laskas foi já ficando meio preocupado, pois a sanfona estava empenhada. Aquelas história de que Waldick era bruto, que uma vez deu uma surra num sujeito dele ficar mole, que só andava armado, que sabia lutar caratê foi povoando a mente de Laskas, ele começou a sentir um calafrio na espinha. Tomou a saideira e foi tentar convencer o dono do bar onde a sanfona tinha ficado empenhada, e nada de conseguir, fez mil promessas, porém o sujeito estava irredutível. “só com o dinheiro na frente”, pede um, pede outro emprestado para conseguir a sanfona, e nada. Como diz Jairo Bento : nada!! Nada!!!

A solução encontrada pelo velho Laskas foi abrir no mundo. Pensava ele: “se eu voltar sem essa sanfona, o que será de mim diante de Waldick, posso até apanhar”. Nosso amigo se mandou para um esconderijo que tinha na serra, passou dois dias em cima da serra do cruzeiro, de frente a cidade, assombrado, e só voltou quando soube da notícia de que o grande artista, seu ídolo, estava internado na AMI- Atendimento Médico de Irecê- com problemas circulatórios, provavelmente em decorrência das cachaças, pois havia tomado todas, exagerando. Com certeza nem lembrava mais do grande Laskas.

Só assim ele respirou aliviado, desceu do esconderijo, e na represa do açude, um pouco abaixo, matou a sede de um dia numa ressaca incontrolável. Deve ter bebido uma dorna de água.

Pois bem, esta é a história de um fã e seu ídolo, só espero que o grande Waldick, mande pra ele um dia, o velho LASKAS, um chapéu de presente, assim ele esquecerá desse marcante episódio de sua vida. Vida de fã e de artista, e uma sanfona pelo meio.

( Wésio Pimentel- Celismando Sodré)

A Cidade estava em expectativa, sabe como é que é; show de Waldick Soriano, cidadezinha do interior, dá até para imaginar; bares e cabarés em festa, e só uma voz a ecoar pela cidade: “ Eu não sou cachorro não”, “Por favor leve esta carta” “Leve este chapéu contigo”. Nos quatro cantos da cidade a voz do grande ídolo. “Herói” dos boêmios, dos eternos amantes dos bares e prostíbulos.

Mas... não era só barzinhos e cabarés não, em residências e até outras casas comerciais, só dava Waldikão. Dizem até que no Bar do seu Lico Leite já teria acontecido uma tremenda discussão: É que apareceu por lá um frustrado cantor, que não conseguiu fazer sucesso, dizendo que o mestre da música romântica era cantor de brega, e que ele era cantor de MPB pura. De tanto o sujeito falar, o grande Lico Leite, que não é de ter “papa na língua”, e grande fã de Waldick, emendou com toda a razão matemática: “feliz de tu se tivesse vendido um disco em cada brega deste país, tu tava rico idiota”. Dizem que o sujeito calou e saiu de lá mais quieto do que “toucinho no saco”.

E o papo naquele pequena cidade só rolava em torno do grande cantor, alguns contavam proezas de valentia de Waldick, baiano da gema lá da região de Caetité, dizendo ter presenciado em São Paulo, no Rio e outros lugares, outros diziam que ele era um artista simples, que depois dos shows saia pelos bares da cidade com seus fãs a farrear, sem qualquer tipo de preconceito. Nas praças, nas ruas embaixo das árvores os comentários eram os mesmos.

E foi no meio desta ansiosa espera, já a tardezinha, o sol quente de verão se pondo por trás das serras daquela pequena cidade, que correu a notícia: ... o homem chegou, o homem chegou... nunca havia acontecido um alvoroço tão grande; era cachaceiros saindo dos bares, não ficou uma puta no brega, todos tinham que chegar, tinham que ver o artista, dar um abraço no ídolo. A porta da pensão de Dona Amélia de repente se viu cheia, com tanta gente como jamais se viu naquele lugar. Vinha gente de tudo quanto era lugar; homem, mulher, menino, pinguço de toda qualidade.

Lá estava ele, com seu jeito inconfundível, paletó, óculos escuros, e o seu mais famoso símbolo, o chapéu; estava no meio do povo como era o seu normal. Um abraça daqui, outro puxa dali, de repente um fã já meio embriagado lhe dirige a palavra dizendo: “Walldikão, paga uma cerveja pra mim porra, eu não sou cachorro não” ele olha para o sujeito, cria-se uma certa expectativa, um certo receio já que o cantor tinha uma fama de valente...ele abre o sorriso e dá o dinheiro para o nosso amigo comprar a sua cerveja. Tudo volta a ser uma alegria. Os litros de pinga circulavam de mão em mão. Um bêbado tira o chapéu de Waldick e manda o fotógrafo bater uma foto. De repente o artista pede para os seus fãs dar um tempo, ele precisa descansar, orienta o empresário a pedir desculpa ao pessoal e entra para o hotel.

Uma grande figura da cidade conhecido como “Laskas”, também artista de botequim, sanfoneiro de pé de balcão e dono do grande conjunto SECA LITROS, estava meio desiludido. Acontece que ele não queria perder o show que só ocorre uma vez a cada década ou mais, mas estava mais “duro” do que pedra bruta. Pensou em pedir emprestado num bar da rua da páia (rua das meninas), mas o crédito estava sumariamente cortado.

Então se lembrou da amiga sanfona, a boa e velha sanfona que em tantas noitadas esteve ao seu lado, mas não tinha outra saída, e teve uma brilhante idéia. Pegou a sanfona e foi a um certo bar de um sujeito pra lá de sovina, pensou lá com os seus botões: “ o jeito é empenhar o instrumento de trabalho , em troca de alguns trocados” dava para ir ao show e ainda sobrava para tomar uma “meotinha”(meia garrafa de pinga). E assim ele fez, o velho Laskas sai dali correndo pois a apresentação já estava começando. Chegando até a bilheteria do Clube comprou logo o tão sonhado ingresso.

E lá estava ele, parecia um sonho, o ídolo, o herói e seu fã frente a frente... emoções, aplausos, pedidos e mais pedidos. Ouvir ao vivo as mesmas músicas que ele tantas vezes tinha curtido com os velhos amigos. De repente, como era de costume, o grande artista oferece uma das canções as raparigas e os cornos, foi aquela vibração. Ao término do show para a grande alegria dos boêmios, Waldickão sai pelas ruas da cidade de bar em bar no meio da “turma de biriteiro”. E lá no meio da turma quem?? O grande Laskas, também conhecido com Mi. E foi cachaça neste mei-de-mundo. Ao amanhecer do dia, quando o sol estava apontando. O fã cisma de fazer uma homenagem ao seu ídolo. Queria tocar um forró, virou-se para todos pediu silêncio e falou alegremente:

- Waldick! Isperaí que vô ali buscar uma sanfona pra gente tocar uma

Waldick responde já mal humorado:

- Vá ... mas, pelo amor de Deus não volte sem esta sanfona, se não vai ter problema!!

Ah... menino!! O velho Laskas foi já ficando meio preocupado, pois a sanfona estava empenhada. Aquelas história de que Waldick era bruto, que uma vez deu uma surra num sujeito dele ficar mole, que só andava armado, que sabia lutar caratê foi povoando a mente de Laskas, ele começou a sentir um calafrio na espinha. Tomou a saideira e foi tentar convencer o dono do bar onde a sanfona tinha ficado empenhada, e nada de conseguir, fez mil promessas, porém o sujeito estava irredutível. “só com o dinheiro na frente”, pede um, pede outro emprestado para conseguir a sanfona, e nada. Como diz Jairo Bento : nada!! Nada!!!

A solução encontrada pelo velho Laskas foi abrir no mundo. Pensava ele: “se eu voltar sem essa sanfona, o que será de mim diante de Waldick, posso até apanhar”. Nosso amigo se mandou para um esconderijo que tinha na serra, passou dois dias em cima da serra do cruzeiro, de frente a cidade, assombrado, e só voltou quando soube da notícia de que o grande artista, seu ídolo, estava internado na AMI- Atendimento Médico de Irecê- com problemas circulatórios, provavelmente em decorrência das cachaças, pois havia tomado todas, exagerando. Com certeza nem lembrava mais do grande Laskas.

Só assim ele respirou aliviado, desceu do esconderijo, e na represa do açude, um pouco abaixo, matou a sede de um dia numa ressaca incontrolável. Deve ter bebido uma dorna de água.

Pois bem, esta é a história de um fã e seu ídolo, só espero que o grande Waldick, mande pra ele um dia, o velho LASKAS, um chapéu de presente, assim ele esquecerá desse marcante episódio de sua vida. Vida de fã e de artista, e uma sanfona pelo meio.

MANDINHO
Enviado por MANDINHO em 04/05/2007
Código do texto: T474372