A cada dia, um dia a menos
(Ainda em 2013, fiz este texto, mas não me recordo da data. Encontrei o papel por esses dias e agora digitei o texto. Segue abaixo).
Há uma morbidez em suas palavras. Posso sentir. Meus pensamentos se embaralham. Já pensei muitas vezes o mesmo. De olhos distantes e gestos vagarosos, diz-me que teme a morte. Não, não é a dor o que teme. Mas o quando, o onde e o porquê. O que fora feito e o que ficaria para trás e do tempo que talvez percamos com o inútil (e o que é útil, afinal?). Num instante improvável, não estaremos mais aqui.
Tento dizer algo esperançoso, inspirador, mas nada consigo. Em minha cabeça, começo a questionar-me: “O que há, afinal ,depois da morte?” “Qual é o verdadeiro sentido da vida?” Neste momento, sou novamente interrompida. Pergunta-me se há sentido na palavra “nascimento”. Eu gostaria de ter, finalmente, uma boa resposta, mas não, não tenho. Digo que não nascemos, mas começamos a morrer. A cada dia, um dia a menos. Ele apenas balança a cabeça, levemente, em afirmativa.
O silêncio nos toca, nos entreolhamos e, habitualmente, recosto na poltrona e continuo minha viagem. Não há mais nada de novo nem o que esperar, penso eu. A morte, pois, parece apenas um convite. Talvez, afinal, eu logo encontre as respostas. Mas não sei se poderei, depois disso, respondê-lo.