SAUDADES

De todas as palavras, a mais triste é "adeus"... especialmente nas circunstâncias de despedida definitiva, luto efetivo ou sentimental.

E o sentimento de melancolia por detrás dessa ruptura é chamada de SAUDADE. Infelizmente, algumas vezes sentir saudade é um exercício de espera infinita, impossível; outras vezes, improvável ou remota. Lembrar é como conhecer: pode ser uma benção ou uma maldição.

Mas a mais cruel forma de dizer "adeus" é quando ele está inserido no contexto de um mero "tchau". Essa expectativa nutre os nossos sentimentos, desconeta a nossa razão e de certa forma nos fragiliza de tal forma que nos apegamos aos fragmentos de saudade.

Todos os relacionamentos deveriam ter uma cerimônia como um funeral, com a hora da despedida e o enterro/cremação. Mas se não bastassem as nossas complicações diárias, de forma masoquista insistimos em reviver mentalmente momentos de felicidade... como se fosse uma pílula, um paliativo para a solidão.

Algumas pessoas se desvinculam com uma naturalidade desumana; outras se mantém hígidas, agindo como se nada houvesse acontecido.

Quando alguém disser: "- Acabou, não dá mais !", trás elementos que supostamente deveriam ser exaurientes, mas não: há pessoas que dissimulam, ameaçando; outras que falam sério, mas a contraparte ignora.

Confesso que não conheço a autoria da frase: "Saudades do que não vivi."... mas nem por isso me sinto menos incomodado em achar que tal premissa é equivocada, mesmo em patamares platônicos.

Já vi pessoas chorando por terminarem um relacionamento extremamente nocivo; mas mesmo nesse contexto, a saudade está apenas nos bons momentos, e não no inferno em que a relação se transformou.

Há uma lenda de que saudade é uma palavra exclusiva da língua portuguesa; mas não é verídica a assertiva. Todavia, a mesma dificuldade de definir saudade em outras línguas está em definir as sensações que carregamos dentro de nós...

SEBASTIÃO SEIJI
Enviado por SEBASTIÃO SEIJI em 25/03/2014
Reeditado em 25/03/2014
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