Minha Sobrinha e o dom para crer em Deus
Minha sobrinha e o dom para crer em Deus
Minha sobrinha, filha da minha cunhada, assim como eu, considera indiscutível a existência de Deus. Ela por razão da fé, eu por razões constitucionais, em questões de princípios religiosos e políticos, cada qual acredita no que quer!
Na realidade, cada qual vai aprender a acreditar no que o seu contexto sociocultural ensina.
Esta visão trás consigo uma complicação, a aprendizagem é processo, portanto está sempre sujeita a mudanças e transformações ao longo do projeto vivencial. Isto explica vocações religiosas como a de Paulo e tantos gentios: “Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas” (Efésios), mas também, o processo do conhecimento transforma o homem e amplia a sua ânsia por mais saber: “Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden” (Genesis).
Eu e minha sobrinha não discordamos tanto assim.
Eu considero que a crença em um ser supernatural é importante para o processo socializador. Isto ficou mais evidente na noite de domingo após a missa das 19 horas. A frente da Igreja estava tomada de jovens adolescentes com seus celulares, ipods e outros trecos eletrônicos felizes e algazarrentos como só crianças e adolescentes, que ainda não comeram da maçã, portanto não tomados da dúvida existencial, costumam ser capazes.
Eles estavam ali aprendendo a acreditar em Deus. Sou a favor disto. As crianças e os adolescentes precisam de esperança! E a sociedade mais ainda.
O que parece ser diferente com a minha sobrinha é que ela comunga com os ensinamentos da sua religião que a crença é um dom de Deus: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios).
Da minha parte, já prefiro pensar no dom como “dote natural; talento, prenda, aptidão, faculdade, capacidade, habilidade especial”, inclusive para escolher, mais tarde, continuar a acreditar nos deuses de seus pais.
Que a minha sobrinha rebaterá com a máxima de que são dádivas de Deus.
E eu, na minha santa ignorância, não saberei retrucar!
João dos Santos Leite
Ituiutaba, 25/março/2014