Aqui vive um torcedor do Paraná

Aproveitei um dos raros domingos de Brasília em que o sol não aparece para sair de casa e desfilar garbosamente com a camisa do Paraná Clube. Há dias em que, sinceramente, eu não me sinto animado a vesti-la. Temos sofrido e nos frustrado bastante nos últimos tempos. Basta dizer que há sete anos amargamos a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro e tivemos que aturar até mesmo um rebaixamento no Campeonato Paranaense. Mas no domingo o momento era outro: vinhamos de duas vitórias contra o Atlético, uma delas por 4x0, e éramos francos favoritos para vencer a terceira naquela tarde. Além do rival escalar o time reserva, podíamos até perder por um gol de diferença que ainda assim passaríamos de fase. Já estávamos projetando a final do campeonato contra o Coritiba. Então era com orgulho e esperança que eu vestia a camisa no domingo.

Mas claro que eu não disse nada disso para uma amiga minha quando ela perguntou por que eu estava indo com a camisa do Paraná Clube ao Memorial JK. Ela achou que havia algum motivo especial, talvez JK fosse paranaense ou coisa do tipo. Falei que era simplesmente a camisa que estava na vez de vestir – o que não deixa de ser verdade. Mas o fato é que homem não tem muito motivo para usar camisa de time: é sempre para demarcar território. Aqui em Brasília, pois, vive um torcedor do Paraná. Contemplai-o.

E esse torcedor estava acompanhando direitinho a exposição sobre a vida de JK quando de repente escuta um grito: “Aaaah, paranista!”. Olhei para o sujeito e imaginei que fosse apenas alguém que identificou que camisa era aquela. Mas não, ele parecia entender sobre o Paraná Clube. Por um momento temi que fosse atleticano. Então ele se relevou: também era um paranista. E era tão inusitado que dois paranistas se encontrassem na capital do país que ele tirou uma foto comigo (o fotógrafo, que estava com ele, tinha cara de atleticano).

Foi a nossa única alegria no domingo: perdemos por 2x0 e fomos eliminados.