O que nos é importante

O que nos é importante...

Assim como as digitais, cada um se identifica pela forma com que vê as coisas; ficam então as questões: o que é a vitória; o que é a derrota; o que é o conseguir; afinal, o que é importante? Pirro alcançou a vitória, mas perdeu todos seus soldados; ganhadores somaram fortunas, mas vivem enclausurados, ameaçados pelo sequestro; a caixa do brinquedo, por vezes, encanta mais a criança do que o brinquedo em si.

Caminhadas, nas trilhas da saúde, não tem não definem um itinerário prévio, e muitas vezes não indicam a distância percorrida...imperdoável, afinal é compreensível não saber aonde se vai, mas é inadmissível não saber ao quanto se andou. Devemos ter parâmetros, dos quais nunca devemos nos afastar: quantas vezes teria ido até a capital, caminhando, se não sei quantos quilômetros ando a cada caminhada? Quantas voltas ao mundo dei, por toda minha vida, se não marquei minhas idas inúteis?

O mundo é uma pista, e deveria ser milimetrado, quantas vezes pequenas distâncias nos consagram a perfeição? Quantos pequenos (pequenos?) passos nos levam ao cume? Por outro lado, grandes caminhadas, empreitadas se fazem inócuas, nos levam a questionar se valeu a pena.

Naquelas caminhadas eram marcadas a quantidade de voltas que se dava no parque; o placar era um banco de jardim, e as contas eram pedaços de madeira caídos das árvores; não qualquer pedaço, eram cuidadosamente selecionados, media, cada um, por volta de 12 cm, desprezados aqueles que formavam forquilhas e o calibre de cada peça, repetia-se nas demais. Como era importante o crivo, cada volta que dava na vida, digo, no parque, deixava uma marca, que fosse a mais retilínea, a mais próxima de uma caminhada com lisura e todas com o mesmo tamanho da capacidade de avançar; existe ética no caminhar?

O placar assinalava, a cada volta uma conta deixada num ponto daquele banco e nas mãos levava uma infinidade de contas que revelavam a quantidade de voltas que ainda pretendia dar.

Até que da trilha da saúde passou para o outro lado, com as mãos segurando, firmemente, marcas das voltas que não daria, caiu agarrado a tentos que não conseguiria marcar, ainda que de “vital” importância, pelo menos para o peregrino.

Ao ser encontrado foi feita a primeira assepsia e todos os gravetos, a que estava agarrado, foram descartados, sem que a eles fossem dada a menor importância

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 24/03/2014
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