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                  HAVIA UM DRAGÃO
 
 
         Levantei tarde e perdi a feira das quintas-feiras. Resolvi ir à farmácia Pacheco e comprar algumas coisas que precisava. Não queria voltar pra casa. Taxi ou metrô? Busquei um taxi e fui ver um filme no Largo do Machado. Talvez por lá encontrasse um relógio despertador pra comprar que o meu .quebrou..
         Entrei no taxi e pedi para me levar ao cinema São Luiz. Notei as ruas vazias, perguntei ao motorista, o porquê. Ele, hoje é feriado.Eu, outro? De quê? E ele, de São Jorge! Engrenei em papo bobo, _ e porque não tem feriado de todos os outros santos?
         Wiliam, um jovem motorista da Glória, um negrão jovem e sério, que se entusiasmou: “Mas São Jorge era um forte e bom guerreiro. Ajudava toda a gente. Ele viveu no século três em Capadócia e era da Guarda do Imperador romano Diocleciano, um cara mau e não admitia ninguém se sobressair mais que ele e perseguia violentamente os cristãos”. E continuou contando.          Eu interferi, aquele São Jorge do Jorge Bem? Aquele do dragão?
         Havia um dragão naquela época e no lugar existiam muitos lagartos, enormes, chamados de dragão, não porque soltavam fogo pela boca, mas soltavam uma gosma que infectava as pessoas e muitos morriam em decorrência do contágio com aquilo, com aquela gosma. E Jorge, vivia salvando pessoas do povo e matando aqueles “dragões” com sua lança. Ora, Jorge era soldado de Diocleciano e sua fama de combater o dragão e salvar o povo estava incomodando Diocleciano, que o proibiu de continuar fazendo aquilo. Mas ele continuou. Então sofreu castigos varias vezes. Foi amarrado em tábuas e deitado ao chão com uma enorme pedra sobre seu peito. Foi suspenso a um poste e dilacerado em golpes de lanças. Resistindo, foi amarrado e massacrado com uma roda guarnecida com ganchos e facas, na intenção de reduzi-lo a pedaços. E de todas as piores situações ele se safava. Ele tinha uma força maior e saia ileso. Diocleciano, inconformado, mandou que lhe calçassem botas de ferro, aquecidas ao fogo até ficarem rubras, com pontas dentro, e obrigou que Jorge corresse neste estado. Mas a força de Jorge era insuperável, e o  povo o seguia.
Até que Diocleciano revoltado com a resistência dele e com a glória que alcançava no meio do povo, foi até ele, pendurado de cabeça pra baixo e o degolou. Só assim morreu, Mas o seu nome nunca foi esquecido, ao contrário, lembrado e com fé, para afastar o mal de si mesmo. E os milagres aconteciam. Pessoas atingidas pela gosma do dragão conseguiam se curar tendo fé em Jorge. E ficou entendido, desde então, que cada um de nós é o próprio Jorge, que cada um tem a força interior de São Jorge de afastar o mal de si mesmo. Wiliam bateu no peito, dizendo todos nós somos Jorge, eu, a senhora, aquela mulher que vai ali fora, todos temos esta força. Por isto é feriado de São Jorge. É muito poderoso.
         E perguntei: _ onde você arranjou tanto conhecimento? Ora, por aí, disse ele, pela Internet... E ele é padroeiro do Rio de Janeiro.
         Despedimo-nos com simpatia, trocamos força sincera de bem um para o outro, e fui pro cinema.