O velho banco da praça
Sentado no velho e mal cuidado banco da Praça da Independência, marco histórico de nossa vetusta e bela João Pessoa, após o término da matinal caminhada, descanso, observo e penso.
Observo à minha volta as pessoas que transitam, ora pelas calçadas, ora pelo interior da praça, uns para o trabalho, outros para a escola. Todos para um destino.
Sentado, penso naquelas árvores centenárias, frondosas, altaneiras, testemunhas vivas da vivência humana. Elas que representam a vida e vigor da natureza... e o passar do tempo.
As duas árvores, escolhidas sentimentalmente para refletir minhas impressões, encontram-se lado a lado, entreolhando-se mutuamente. Uma com as folhas verdes, bailando e acenando ao sabor do vento, a outra, com galhos secos, esquálidos e amarelados, teimando em não cair...
Assim é a nossa vida, representada nessas duas árvores tão próximas e tão diferentes uma da outra na maneira de viver e conviver harmonicamente, sugerindo que sejamos tolerantes e respeitosos com os nossos semelhantes.
O ensinamento que elas nos transmitem se reflete na convivência pacífica entre os desiguais, no respeito às diferenças, nessa proximidade tão necessária, apesar da cor das folhagens, exuberância e penúria da sua roupagem...
Sentado, pensativo, dirijo mais uma vez meu olhar para as duas árvores, que também me olham num murmúrio de cumplicidade, como a transmitir os segredos e ensinamentos da natureza - dessa natureza tão bela e cuidadosa como uma mãe - e, tão impetuosa e impiedosa, quanto um furacão.
Após o término de minhas abstrações, agora abraçado ao novo amigo, o velho banco da praça, volto à realidade e ao meu cotidiano.
Por Washington Luiz do Nascimento