A SÍNDROME DO PÂNICO.
(republicação)
“Neste momento, a pessoa se desconecta do mundo
e passa a perceber somente as reações do corpo.”
(fonte Internet)
A sintomatologia é extensa, mas, pra mim, para o que proponho, basta a citação acima.
Lá vem você pela rua, caminhando tranquilamente, quando, de repente, sente aquele ronco que percorre o seu último trato intestinal e que, como um trovão que se preze, prenuncia tempestade...e das grandes!
Já imaginando a “via crucis” que terá pela frente, você tenta apressar o passo, mas outro raivoso ronco adverte que “não é bem por aí”.
Então, você diminui o passo e pensa “pô, bem que podia ser o número 1, porque, em última instância, a gente iniciava uma corrida e o pessoal ia achar que era suor." Mas com o número 2 não dá, pois além da mancha, tem o cheiro incriminador e nauseante, que faz os transeuntes desviarem o rumo, como se você fosse portador de uma doença fulminantemente contagiosa.
Novos roncos e assobios, sadicamente, lembram que o pesadelo continua, que a guerra está, apenas, começando.
Se, por acaso, restasse ainda alguma dúvida, um outro abalo sísmico sacode suas entranhas e a porta de saída sinaliza ameaça de arrombamento.
Nessa altura, leitor, você já é presa da tal da síndrome, confirmada pelo suor frio que o empapa e escorre por sua coluna.
Mas, então, num arroubo de coragem, você pensa “Afinal, sou um homem ou um rato? – Eu comando meu corpo e ele me deve obediência.” – Porém, uma nova e dolorosa cólica vem lhe dar a certeza que deveria optar pelo segundo qualificativo.
Bem, aí, já completamente desmoralizado, você se limita a andar e, para reforçar a tranca da porta de saída, caminha cruzando as pernas como modelo famosa, o que lhe dá o ridículo aspecto de “boneca desvairada”, atraindo olhares severos dos idosos e risinhos de pura mofa dos jovens.
“Sabe de uma coisa – pensa você – se não der pra segurar tô...(mas não pode nem pronunciar a palavra, pois este é exatamente o seu problema)... pra todo mundo”.
“Estou tão perto de casa, que chegaria lá rapidinho se estas pernas permitissem, mas se eu as descruzar, rompe-se o último bastião da resistência...e a vaca vai pro brejo!”
Até este momento, o medo do ridículo conseguiu, aos trancos e barrancos, salvar a pátria. Mas, com a distancia diminuindo significativamente, você cria coragem e aumenta um pouco o requebrado. Encurta-se a distancia por um lado, cai, na mesma proporção, a resistência ; o farrapo de moral e um perigoso relaxamento tomam conta do seu corpo. Imediatamente, liga-se o pisca- alerta indicando que a tranca da porta de saída está no seu ponto de ruptura.
“É agora ou nunca” – brada sua consciência. Cheio de coragem, à vista de sua casa, tenta aprumar-se (vinha meio curvado) e sobe, de lado, os poucos degraus da entrada, alarmando o porteiro que coça a cabeça e pensa “Rico tem cada mania!”.
Adentra o “hall” procura o elevador (que está, é claro, no último andar), prime o botão seguidamente como a transmitir , em código Morse, o universal pedido de socorro. Dentro de você, os bravos defensores da retaguarda, que suportaram terrível pressão, começam a depor as armas.
Chega o elevador. Sai gente. Você, todo suado, entra. Calca o botão do seu andar. Reza para as portas fecharem logo. O elevador se arrasta. Chega ao destino. Abre-se a porta.
Você sai, dobrado em dois. Erra o bolso onde estão as chaves. Acerta em seguida. Resistência caindo verticalmente. Usa a chave errada. Acerta , afinal. Entra e nem fecha a porta.
No painel de sua mente, todas as luzes são vermelhas e piscam doidamente. Uma voz sintetizada sentencia “Não adianta mais!”
... e ali na sala, a dois metros do banheiro, a porta de saída é arrombada e começa, incontrolável, a avalanche e você deixa-a, qual ardente lava, descer pelas faldas (fraldas ficaria melhor) da montanha, dando graças a Deus pelo alívio.
Depois, com tudo em paz, com o céu já bem mais azul, com o mundo a lhe sorrir, entra no banheiro carregando sua mala cheia e, assoviando, vai para o chuveiro, pela primeira vez na vida, com roupa e tudo.
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(dedicado às pobres vítimas desse holocausto)
Imagem - Internet
(republicação)
“Neste momento, a pessoa se desconecta do mundo
e passa a perceber somente as reações do corpo.”
(fonte Internet)
A sintomatologia é extensa, mas, pra mim, para o que proponho, basta a citação acima.
Lá vem você pela rua, caminhando tranquilamente, quando, de repente, sente aquele ronco que percorre o seu último trato intestinal e que, como um trovão que se preze, prenuncia tempestade...e das grandes!
Já imaginando a “via crucis” que terá pela frente, você tenta apressar o passo, mas outro raivoso ronco adverte que “não é bem por aí”.
Então, você diminui o passo e pensa “pô, bem que podia ser o número 1, porque, em última instância, a gente iniciava uma corrida e o pessoal ia achar que era suor." Mas com o número 2 não dá, pois além da mancha, tem o cheiro incriminador e nauseante, que faz os transeuntes desviarem o rumo, como se você fosse portador de uma doença fulminantemente contagiosa.
Novos roncos e assobios, sadicamente, lembram que o pesadelo continua, que a guerra está, apenas, começando.
Se, por acaso, restasse ainda alguma dúvida, um outro abalo sísmico sacode suas entranhas e a porta de saída sinaliza ameaça de arrombamento.
Nessa altura, leitor, você já é presa da tal da síndrome, confirmada pelo suor frio que o empapa e escorre por sua coluna.
Mas, então, num arroubo de coragem, você pensa “Afinal, sou um homem ou um rato? – Eu comando meu corpo e ele me deve obediência.” – Porém, uma nova e dolorosa cólica vem lhe dar a certeza que deveria optar pelo segundo qualificativo.
Bem, aí, já completamente desmoralizado, você se limita a andar e, para reforçar a tranca da porta de saída, caminha cruzando as pernas como modelo famosa, o que lhe dá o ridículo aspecto de “boneca desvairada”, atraindo olhares severos dos idosos e risinhos de pura mofa dos jovens.
“Sabe de uma coisa – pensa você – se não der pra segurar tô...(mas não pode nem pronunciar a palavra, pois este é exatamente o seu problema)... pra todo mundo”.
“Estou tão perto de casa, que chegaria lá rapidinho se estas pernas permitissem, mas se eu as descruzar, rompe-se o último bastião da resistência...e a vaca vai pro brejo!”
Até este momento, o medo do ridículo conseguiu, aos trancos e barrancos, salvar a pátria. Mas, com a distancia diminuindo significativamente, você cria coragem e aumenta um pouco o requebrado. Encurta-se a distancia por um lado, cai, na mesma proporção, a resistência ; o farrapo de moral e um perigoso relaxamento tomam conta do seu corpo. Imediatamente, liga-se o pisca- alerta indicando que a tranca da porta de saída está no seu ponto de ruptura.
“É agora ou nunca” – brada sua consciência. Cheio de coragem, à vista de sua casa, tenta aprumar-se (vinha meio curvado) e sobe, de lado, os poucos degraus da entrada, alarmando o porteiro que coça a cabeça e pensa “Rico tem cada mania!”.
Adentra o “hall” procura o elevador (que está, é claro, no último andar), prime o botão seguidamente como a transmitir , em código Morse, o universal pedido de socorro. Dentro de você, os bravos defensores da retaguarda, que suportaram terrível pressão, começam a depor as armas.
Chega o elevador. Sai gente. Você, todo suado, entra. Calca o botão do seu andar. Reza para as portas fecharem logo. O elevador se arrasta. Chega ao destino. Abre-se a porta.
Você sai, dobrado em dois. Erra o bolso onde estão as chaves. Acerta em seguida. Resistência caindo verticalmente. Usa a chave errada. Acerta , afinal. Entra e nem fecha a porta.
No painel de sua mente, todas as luzes são vermelhas e piscam doidamente. Uma voz sintetizada sentencia “Não adianta mais!”
... e ali na sala, a dois metros do banheiro, a porta de saída é arrombada e começa, incontrolável, a avalanche e você deixa-a, qual ardente lava, descer pelas faldas (fraldas ficaria melhor) da montanha, dando graças a Deus pelo alívio.
Depois, com tudo em paz, com o céu já bem mais azul, com o mundo a lhe sorrir, entra no banheiro carregando sua mala cheia e, assoviando, vai para o chuveiro, pela primeira vez na vida, com roupa e tudo.
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(dedicado às pobres vítimas desse holocausto)
Imagem - Internet