O cãozinho e a madame
Elas vinham pela rua conversando animadamente. Risadas com direto a jogar a cabeça para trás. Duas mulheres lindas, muito bem vestidas, com suas bolsas caras e roupas de grife. A rua era uma passarela para elas. E com algumas poucas sacolas nas mãos ainda iram comprar muito, tudo que o desnecessário exigia.
Foi quando ele apareceu do nada. Todo serelepe pulando, tentando ser feliz. Tentando fazer um amigo. Aquela coisinha marrom amarelada tão pequenininho. Nem era pra estar feliz daquele jeito, afinal estava acostumado somente com pontapés. Mas naquele dia ele estava. Talvez ainda aproveitando o resto de sua infância.Correndo trombou no pé da madame. Ela deu um grito com o susto e parou de repente para olhar o que avisa batido em seu sapato de marca.
E o cãozinho a olhou assustado já esperando uma pancada. Mas ela sorriu. Ele com todo medo de sempre se encolheu quase tremendo. Mas ela estendeu a mão e o afagou. Os olhos do cachorrinho assustado brilharam mas ele não confiava mais em humanos.
- Ai Lúcia! Que nojo! Larga esse bicho!
- Ele é uma gracinha!
- Horroroso! Quase esquelético! Larga isso aí que estamos atrasadas.
Lúcia nem respondeu, apenas acariciou mais a cabeça do cachorrinho.
- Pobrezinho. Se eu pudesse o levava comigo. Morro de dó.
Se levantou devagar olhou o bichinho quieto no seu canto e continuou a caminhar com a amiga. Olhou pra trás mais uma vez e acenou para o cachorro.
Ele não a seguiu, não faria isso porque já era gato escaldado. Sabia que não teria colo e nem vez. Apenas ficou lá encolhidinho. E as madames voltaram ao papo como se nada tivesse acontecido. O cãozinho ouviu um tossido e olhou pro lado.
- É cachorrinho... Até você vale mais que eu... Disse um mendigo partindo um pedaço de pão e dando ao cão que o engoliu com uma bocada só.