Cantinho do Zé

É sobre o meu sitio.

A cada dia mais agradeço pelo " empréstimo " que me foi feito desse pedacinho do céu. Vejo uma placa pendurada na porteira homenageando como o Cantinho do Zé.

Lugar lindo e maltratado. No princípio, era apenas o mato.

Sentado ali, não longe da cachoeira pequena mas sonora, na parte mais baixa do lugar, posso ouvir uma especie de banda natural formada pela água, vento e pássaros, com sons distintos e em plena harmonia.

Sinto o outono se apresentar, quando uma folha caindo em meu braço, chama minha atenção me fazendo olhar para cima vendo que iguais a essa, amareladas, são várias que se soltam dos galhos quando o vento, um pouco mais forte, sopra em direção à aquelas arvores, que foram plantadas outro dia mesmo, ainda no começo.

É parte da transformação, é o tempo que não para, é a morte, é a recompensa da natureza pela sua fé pela vida, que as farão renascer em breve, é a divindade, é o ciclo.

Transformar tudo aquilo no que já passou a ser, é a certeza de que sonho não é sinônimo de impossível, e que com determinação, trabalho, boa vontade, carinho e muito amor, todos podem ser concretizados.

Sei exatamente que a vida do sitiante não é só "coieta" como foi dito por lá.

Os passarinhos, hoje, se aproximam quando sentem o cheiro da água molhando a terra já seca pela época.

Não expressam medo, estão se acostumando com minha presença. Têm a certeza do meu respeito por eles.

Os beija-flores aparecem o tempo todo como pedindo por mais flores e cores, por um lugar mais doce, e desde que nectar não pode faltar, me fazem sentir assim responsável pelo que cativo.

Tenho zelo pelo que me foi confiado, é a paz que encontro por lá que me aumenta a vontade de apressar os dias para o retorno na semana que vem.

Obrigado pelo privilégio de poder cuidar de tudo isso, mesmo que seja por um período apenas.

É um lugar cercado pelo mato verde onde eu posso plantar e colher.

A casinha não é branca, mas tem varanda, quintal e janelas onde posso ver o sol nascer.