Ontem o Rio amanheceu triste. O céu naquela cor cinzenta e o mar, naturalmente para ser solidário, de cinza também se tingiu. Eu não gosto dessa cor, mesmo assim fui caminhar. O Sol tentava aparecer, mas logo, intimidado pelas nuvens pesadas, desaparecia. A chuva teimava em se mostrar, mas os caminhantes não lhe davam a mínima atenção e continu- avam em passos rápidos. Ela foi ficando ofendida e começou a apertar, nos obrigando a voltar ou a nos abrigar nos quiosques. Eu, como já estava molhada, resolvi voltar caminhando calmamente e me molhando com todo prazer. Para que correr? Eu já estava molhada mesmo, ainda ia ficar cansada? Não. Curti cada pingo me acariciando o rosto. Como eu tenho alergia à gripe, eu não me incomodo de ficar molhada. Encolher eu não vou, me desmanchar tampouco, já que não sou feita de açúcar. A chuva que venha. Estou pronta para ela. Chuva combina com um bom livro ou com um bom vinho, de preferência tomado em copos de cristal e com alguém que nos estimule a imaginação. Dependendo do número de taças e da boa companhia, a chuva pode ser música para embalar uma tarde de amor ardente.
edina bravo
Enviado por edina bravo em 18/03/2014
Reeditado em 13/06/2014
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