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AI QUE SAUDADES DE MADALENA...
Ysolda Cabral



 
Por um bom tempo “Madalena” foi minha companheira de todas as horas. Se a tristeza me abatia corria pra ela, e, juntas, botávamos o pé na estrada, sem destino e a qualquer hora. Não havia tempo ruim pra gente. Disposição pra viajar não nos faltava. O dinheiro, sempre muito curto, era o problema, mas nada de muito significativo. Éramos econômicas, harmônicas e sem pressa alguma. Aqui e acolá parávamos para renovar as “baterias” e seguíamos viagem.     

Nunca tivemos atropelo algum. Nosso “casamento” era perfeito. Até que resolvi trocar “Madalena” por um “Príncipe Encantado”, bonitinho e ordinário.
 
Toda manhã não queria sair de casa, de jeito algum, e, nas manhãs de inverno, o inferno era maior. Eu fazia de tudo pra ele querer sair  e nada. Quando cismava, cismava mesmo. A confusão era tanta que terminávamos por acordar toda a vizinhança.

Nossa “convivência” foi ficando cada vez mais desastrosa difícil de ser apaziguada e eu resolvi me separar dele definitivamente. Porém, como ele, além de tudo era "alcoólatra", essa separação não seria nada fácil. Depois de muito pelejar, uma amiga psicóloga resolveu investir naquela relação e o tirou de mim. – Que alívio!!!

Resolvido o problema logo arranjei um novo companheiro, e, mais outro e mais outro, até que cheguei num bem novinho e disposto, mas quem já não tinha mais tanta disposição era eu.

Quanto a minha querida e adorada “Madalena” deve ter ido parar nas mãos dos “Mamonas Assassinas”, se tornou amarela e depois do lamentável ocorrido, nunca mais tive notícias dela.

Ai que saudades de “Madalena”! (Rsrs) 


 
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Atenção Sra. Leitores! 

Republiquei a crônica acima por solicitação de alguns amigos. No entanto, recebi alguns e-mails me questionando quem era afinal Madalena. Ora, na crônica só falo dos carros que tive e o melhor de todos foi Madalena – uma Brasília 1974. O Príncipe Encantado – alcoólatra por que era movido a álcool – foi um Chevette 1980, que, para funcionar, no inverno, precisava ser aquecido. Então eu pegava uma chave de fenda, na ponta enrolava uma bucha, umedecia com álcool e  com o fósforo acendia. Então, retirava a tampa do distribuidor, e com a tocha improvisada, aquecia a respectiva, inclusive, fazia o mesmo com os cabos de velas. Só assim o bicho pegava.

Acho que eu teria que reescrever esta crônica, mas estou com preguiça. Hahahahaha

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Comentário digno de destaque

 

18/03/2014 16:16 - oklima
Álcool em chamas na carapuça e nas unhas de teu Príncipe Encantado, para que ele levantasse o fogo e te levasse às andanças de teus desejos, chegaste a tal ponto, poeta Ysolda! Pobre chevete! Tampa do distribuidor e cabos de vela alcolizados pelo requeime para poder sair do tonhonhom, qual tosse teimosa tomada de frio. Bem feito! Quem mandou ditar ao desprezo a meiga Madalena? Apesar da crítica, fico contigo e não abro, nem mesmo para um Bugatti Veyron Supersport! Beijos, Odir