Círculo
Os dias passam como correntezas furiosas e sem sentido. Estou no meio dela sem saber o fim de sua jornada. Entre as ondas vejo redemoinhos de confusões, e almas vivas sendo envolvidas, como figurantes de uma história insana e intrigante. O destino nos abraça roubando as respostas e pensamentos, até mesmo as palavras se limitam a dançar entre os sons e timbres.
Em fuga e temor da sombra da solidão faço reféns. Perdida em devaneios e desejos dispersos, tento me encontrar nos berços acolhedores e desperto em tempestades fortes. Aqueles olhos aderiram meu coração frio e me prendeu ao seu calcanhar de forma silenciosa e veloz, não consigo me soltar. Vejo o mundo pela janela de suas ventanias e isso é atraente.
Suspiro lento, entediante e sufocado, essa nostalgia permanece trocando passos comigo. Quando ameaço seguir a um caminho, o ritual se inicia novamente, levando todas as minhas certezas, cegando meu futuro, espalhando os meus pedaços, juntando conflitos. Sem vestes à beira do rio, contemplando horizontes e ilusões. Nossas espadas de fogo tomam todo espaço, mostrando que não podemos viver no mesmo mundo.
Aquele anjo doce me marcou e nada se decifra. Suas mãos frias ainda apertam meu coração. Sou seu escudo e a arma que te fere, como sua presença é pra mim veneno e cura. Vivo em abstinência de sua voz, mas com ela vêm todos os seus vulcões arrasadores que matam a si mesmo em meu interior surrado. Tudo é como fim de dias nublados, e essas rotinas se repetem, como se não houvesse noite.