Som do silêncio
As nossas cidades estão a cada dia, mais movimentadas, e, com todo esse movimento é inevitável ouvirmos os sons urbanos: buzinas, barulho de máquinas, cães uivando, espocar de fogos de artifícios, marteladas, músicas em altos decibéis, enfim, um linguajar onomatopaico, transgressor aos ouvidos humanos! Vez ou outra se tem a intenção de ouvir o som do silêncio: o bater das asas de uma borboleta, o som do vento nos versos de uma poesia..., para isto acontecer é necessário encontrar um local em que o silêncio ainda possa habitar. Você conhece o som do silêncio...?
Algumas pessoas, o encontram no interior de um monastério, outras, num local em que a natureza emudece nas suas folhas, todo barulho trovejante, permitindo a cumplicidade de se ouvir, o escorrer das águas por sobre as pedras roladas e enroladas no seu curso por seus ribeirões, durante séculos e séculos..., para quem não quer nenhuma dessas opções, nada melhor do que um cantinho no seu lar!
Na parede as fotos da família mostram a história numa nostalgia reveladora em cumplicidades, envolvendo os momentos especiais com cada uma dessas pessoas, para serem relembrados ao som do silêncio. Cada objeto partilha as emoções ali contidas durante os anos passados juntos, a convivência diária, possuem vozes numa nostalgia segura, que nos ancora!
O som do silêncio, seria ao som da flauta de pã, tão bem executada por Razandina, o flautista de Hamelin dos tempos modernos?
Abrir a caixa de música e ao som da melodia,“O Jardim Secreto”, se surpreender com os objetos do seu interior, sentir o perfume das letras, daquela primeira carta de amor, segurar o cachinho de cabelos amarrados pela fita azul, surpreender-se com a paisagem de um cartão postal em branco e preto, amarelado pelas mãos de Cronos, trazendo a imagem de um casal apaixonado sentado numa gôndola, passeando por um dos canais de Veneza, tudo isso, acompanhado pelo som do silêncio.
Você já encontrou o som do silêncio?
De fato, o som do silêncio se encontra naquele local tão conhecido por você, mas, muitas vezes não encontrado, ele, o silêncio reside no seu interior!