Hora, angústia senhora

Ela estava sentada procurando não pensar, mas já era tarde pra dizer o que já nem precisava, o tempo é cruel em todas as suas formas, falta tempo pra ser, falta tempo pra sentir, mas por hora esse tempo lhe dava tempo de sobra pra se amargurar.

Entre as cinzas de seus cigarros e seus amores inacabados, achava que esse plural de algo que se torna indizível era a única coisa que ainda lhe pertencia.

Então já nem chorava, ou já nem sentia que chorava, nem importa mais, afinal ninguém queria saber da sua história, estavam todos sem tempo. Era questão de tempo pra se perceber que nada mais era sobre ela e que seus sonhos não eram tão importantes assim.

Morria de medo de ser ninguém, e agora se extinguia aos poucos no seu anonimato, sangrava as lutas que não se pôs a diligenciar ao seu triunfo.

O seu coração parecia arrefecido, deixado assim por quem ali passou, costumava então gostar mais daquele silêncio maldito do que das palavras mal ditas.

Larissa Ketlin
Enviado por Larissa Ketlin em 17/03/2014
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