Os ônibus que movimentavam Mossoró...
O transporte público não vai muito bem das pernas aqui em nossa cidade, mas me faz lembrar que dias mais tenebrosos já vivemos...ônibus caindo aos pedaços, quebrava mais que andava. Tinham os famosos ônibus de Belmont, que muitas vezes faltava até pedaços do piso, menino besta se perdia com os olhos na estrada pelos buracos no piso. Mas guardando as comparações é necessário lembrar que eram outros tempos, Mossoró seguia em outros passos, em outra sintonia. Aqueles ônibus que faziam o movimento da cidade. Era também nesses ônibus que circulavam os assuntos que ferviam nas rodas de conversa:
- Sabia que Maria se apartou do marido?
- Essa conversa é antiga de mais coisinha...ele já se enrabichou por uma quenga lá de Luzia Queiroz...toda noite tá lá bebendo e arrumando briga com quem se aproxima dela.
- Mas ele não bebe por causa dela não! Na verdade ele tomou foi gaia de Maria, lá no beco das frutas era conhecido como alce, porque parecia aquele bicho da cabeça enfeitada.
- E quem era o corajoso que queria aquele jaburu?
- Ora se não! Não falta pé tordo pra calçar sapato velho... tinha Luís do queijo, Pedro da oficina e mais uns três ou quatro da mesma laia.
- Só cafuçu...mas vamos passando lá pra porta que chegou nosso ponto...
E nisso seguia o rumo das conversas, amenidades, fofocas, bisbilhotices...andei muito de ônibus ouvindo conversas e transformando em contos, crônicas e poesias...curioso sempre fui, sempre me encantei com o trivial, com o cotidiano, certa vez me arrisquei no jornalismo, na escola participando de um projeto de feira cultural no Aída Ramalho, me apaixonei por isso, e quis ser jornalista, mas não levei adiante, talvez a paixão não fosse recíproca, o desencanto veio em seguida...me pareceu que subverter a verdade através da arte era mais real que a realidade! A realidade me parecia e ainda me parece bastante mentirosa...
15/03/2014