A Crônica de Hospital

Mais um dia em um hospital qualquer na cidade de Rio Grande, lá estava eu, lendo um livro do Machado de Assis chamado Memórias Póstumas de Brás cubas, eu acabara de chegar na página 175 quando fechava o meu livro e uma senhora muito bonita vinha em minha direção. O seu nome era Nelinha, aparentava ter cinquenta anos, com seus belos olhos azuis que lembravam os céus azuis com o impeto de expulsar as nuvens passageiras que tirassem o seu brilho infinito, o azul brando, tinha cabelos louros e curtos de estilo masculino.

-Poderias me ajudar a por um chip no celular? -pediu ela.

-Claro. Qual o problema?

-Simples, -retrucou ela-, o meu celular não liga. Eu ponho chip, mas parece que o celular não liga.

Eu peguei o seu celular e comecei a acessá-lo, realmente o celular desligava quando colocava a opção de inserir o chip, infelizmente, provavelmente o chip poderia ter estragado, ela tentou ligou a cobrar mas não tinha sinal no seu telefone, assim lhe emprestei o meu e ela pôde ligar para seu marido dizendo que demoraria para o atendimento.

-Obrigado. -Ela disse-, vocês jovens entendem dessas coisas de tecnologia, eu não entendo nada. -Ela começou a rir e olhar para mim.

-Pois é. -disse Eu-, é uma nova geração, quem sabe no futuro quando nascerem meus filhos e netos existirá uma tecnologia que eu não saiba usar.

Ela concordou e disse:

-Verdade! Meu neto usa o celular o tempo todo e ele sabe de tudo.

-Que legal!

-Eu gosto de ler e escrever também, e quero torna-me um escritor no futuro.

Ela gostou da conversa, eu lhe disse que queria pegar um copo de café, eu estava com muito sono e eram nove horas da manhã. Com impeto me dirigi até a maquina de café, saquei um real e cinquenta centavos, muito caro, eu peguei e pus o copo. Na hora lembrei-me no que eu disse à senhora sobre a tecnologia evoluir, e vi que o copo automaticamente enchia-se com café. Realmente com passar do anos tudo evolui.

-É um assalto! Está muito caro, e ainda enche o copo pela metade -disse o homem que estava ao meu lado.

Eu concordei, mas isso não me satisfez do prazer de provar um bom café, eu disse isso à Nelinha quando eu a avistei. Ela riu e por um breve momento ficamos em silêncio esperando o maldito atendimento demorado do Hospital.

-Antigamente demorava muito para atenderem, agora eles chamavam as pessoas por aquelas duas caixas de som, mas estão estragadas, mesmo assim o serviço melhorou quando chamavam vários para que um médico cuidasse -explicou Nelinha.

Absurdo! Um hospital com esse tipo de serviço é realmente uma negligência. Enfim o tempo passou e chamaram a minha mãe ao atendimento, eu esperei por mais alguns longos minutos apenas olhando para a senhora e sorrindo. Quando a minha mãe chegamos nos despedimos da senhora e fomos embora, eu lhe desejei boa sorte, nunca mais a vi.

No dia que escrevi esta história estava depressivo, mas se não fosse por eu sair com meus pais e ir até esse hospital eu nunca teria feito esta crônica, e seria uma história a menos nesse mundo de resplendor e luz ofuscante que nos ilumina a cada dia com pessoas novas.

Franklin Furtado Ieck

Sr Furtado
Enviado por Sr Furtado em 14/03/2014
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