Dois
Quando estamos namorando queremos sempre ficar juntos. O tempo todo, toda ocasião é ocasião para estarmos juntos. O lugar não é prioridade, mas o estar juntos. Depois ficamos noivos e casamos; e a vontade de estarmos juntos permanece. Apesar de estarmos casados, a vontade irrefreável de estarmos juntos não diminui, na maioria das vezes aumenta. Depois de passado alguns anos casados e começamos a programar o aumento da família, os momentos de estarmos juntos aumenta mais ainda com as várias tentativas de gerar um filho. Do prazer ao dever... Quando a família aumenta e o “dois” torna-se três, ou quatro, ou cinco, ou seis... o lugar torna-se prioridade, pois precisamos de uma casa maior, mais confortável. Ainda assim, a vontade de estarmos juntos prevalece, ainda que o lugar e a casa sejam prioridades. E os anos passam... E a família aumenta mais, ela começa adentrar outras famílias e surgem grandes famílias. E um dia sua filha casa e vai morar em sua própria casa, a história se repete... E o três volta ser “dois”. O mesmo “dois” do início. O “dois” inicial cria outro dois inicial que criará outros dois iniciais... No fim, o que realmente queremos não é um lugar, uma casa, queremos estar juntos para sempre... E vivemos esse ciclo interminável que nos “tiraniza” com a necessidade do outro. Como se toda a nossa existência fosse um clamor eterno por estarmos juntos eternamente e algumas distrações aparecem apenas como a maior prova de que o “um” só está completo com o “dois”