As vezes

Então novamente ele se via parado enquanto alguém que tanto lhe importava dizia tchau, talvez pela decima vez, (ele nunca contou, mas sentiu, todas) a cada passo que ela dava sentia mais e com mais força aquilo que lhe atingia o peito.

Certa vez ouvira dizer sobre um furacão que arrasou uma cidade inteira, acho que foi assim que se sentiu: um grande furacão passou, mas fez uma pausa pro café e não queria mais ir embora dali.

Enquanto ela saia para quem sabe mais seis meses, até que uma conversa normal e repetitiva acontecesse: “oi” “você sumiu, como está? o que tem feito da vida?” Apenas imaginava como poderia ser diferente (é estranho o quanto nossa mente cria diferentes histórias sobre um futuro improvável com a velocidade da luz, ou de um piscar de olhos, ou enquanto ainda se podia vê-la indo).

Ele possivelmente a amava, ele possivelmente nunca dirá isso, talvez, só talvez ela nunca soubesse (esse seria um daqueles momentos onde alguém diria “elas sempre sabem”). Acho que tudo porque ele a achava diferente, porque o destino os uniu umas cinco ou seis vezes de forma que até mesmo pra mim soaria como mentira, porque ela era linda pra ele, algo nela o encantava, ele nunca disse, ele tentou dizer (tentei fazer com que ele dissesse milhares de vezes). Acho que alguma coisa sempre se embaralhava com a parte entre o tchau, o esquecer e o tentar de novo.

Ele sempre quis que algo acontecesse, ele lutou por isso varias e varias vezes, enquanto tentava se convenceu que algumas coisas poderiam mudar. Acho que nunca desistiu, mas foi ferido em batalha e obrigado a voltar pra casa quase sem um braço, uma perna, mas quase sempre quase lhe faltava um coração, pensou em desenhar um, talvez comprar um de lata, ou talvez a ideia de viver sem ele fosse até menos dolorosa, no fim ele se reconstituiu, no fim o fim não chegou ainda, o fim é incerto, talvez ele nunca estivesse pronto para um grande ponto final, talvez sempre houvesse espaço para (...).

Acho que ele a viu de novo, nunca soube ao certo, tudo começou com um “oi” bem surpreso, é sempre um pequeno passo, (Desculpem, mas não sei como termina) talvez ele se foi, talvez eles se foram, talvez ainda estão lá (muita coisa pra conversar) nunca tive certeza se tudo era verdade, talvez era apenas coisa da minha cabeça.

Paulo Victor Ribeiro
Enviado por Paulo Victor Ribeiro em 13/03/2014
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