Por Mares Navegados
31 de março está chegando. Queiramos ou não, trata-se de data que terá representado um mar tempestuoso. Navegado por embarcações que com ele lidaram de formas diferentes. Acreditando que pudessem chegar, à sua maneira, a algum porto seguro.
Algumas pessoas em altos cargos de comando hoje no país estiveram em embarcações que não foram poupadas por aquele mar tempestuoso. Fizeram o que puderam para dominá-lo. E não conseguiram. Passada a tempestade, hoje manobram o barco de uma forma que nada tem a ver com a luta e a determinação de antes. Quando eram outros navegantes.
Outras, que não estavam em nenhuma das embarcações, torciam por aqueles que tiveram maior êxito na condução de seus barcos naquele período. E só não encontram brasileiros seus irmãos no fundo do mar porque não são escafandros.
Não há dúvida de que temos inúmeras razões para não aplaudir ou compactuar com a forma com que se conduzem os atuais governantes maiores deste país. Reclamar é o nosso dever e direito de brasileiros que nos sentimos confundidos ou desassistidos por um Programa de Governo que consideramos ausente ou inexistente. Ou inconsistente.
Mas essa discussão hoje é possível. E não nos sentimos ameaçados por qualquer dedo-durismo se dela participarmos.
O que não se pode admitir é que nada se possa discutir além do que for permitido pela força e atuação dos quartéis. Cujos soldados eram os marinheiros de um dos dois grupos de embarcações que navegaram durante aquele mar tempestuoso inaugurado em 31 de março de 1964.
Se o governo não é bom, vamos trocá-lo pela ação do voto. Ainda que obrigatório, o que é uma excrescência que só por aqui existe. Mas não permitamos mais torturas, execuções sumárias, AIs 5 ou inexplicáveis desaparecimentos de brasileiros que, de uma forma ou de outra, também desejavam um futuro melhor para esta nação.
Rio, 13/03/2014