Restaurantes de New York

Tantos fascínios atraem milhões de turistas a NY todos os anos. Até eu andei por lá há um tempinho atrás. Sempre contando os trocados, fui passar uma semana na Big Apple e levei um verdadeiro rancho numa sacola para economizar nas refeições. Por aí já dá para perceber o nível da sovinice.

Bom, pelo menos eu sabia, e contava muito com isso, que incluída no meu pacote de passeios estava uma janta no restaurante Mama Leone’s! Assim, segura deste repasto certamente farto e supimpa reinei pelas famosas ruas de NY e por suas atrações tão decantadas por tantos fãs ao redor do mundo.

Até que chegou a aguardada noite da janta no Mama Leone’s. Após dias e dias atacando a triste sacola com biscoitos e pão já secos e às vezes não resistindo em saciar a fome em restaurantes de cadeias fast-food famosérrimas, a antecipação de uma refeição propriamente dita já me dava água na boca.

Era uma quinta-feira, 23 de janeiro de 1986 e adentrei eu no badalado restaurante italiano. Eu era a única moça sozinha em uma mesa. Muitos me fitaram e um casal de velhinhos na mesa ao lado até puxou conversa com peninha de mim!

Mas eu estava deslumbrada com a decoração carnavalesca, arlequins e palhaços circulavam pelas mesas e brincavam com os clientes. Um rapaz fazia desenhos lindos nos rostos das crianças e não é que veio desenhar um coração encantador no meu rosto também! Sim, nem idade para beber o vinho a que o meu pacote turístico me dava direito eu tinha. Fiquei no suco.

Ainda bem, pois quando chegou a entrada, melão com um presunto exótico italiano, eu a comi com voracidade. Tanta que quando serviram o prato principal –que eu nem lembro qual foi- eu comi apenas umas duas garfadas, comecei a passar mal. Fiquei verde. Náusea, tontura, me abalaram a tal ponto que precisei sair correndo do restaurante. Corri pela Broadway –algo que deveria ser tão chique- tentando evitar um vergonhoso vômito nada cinematográfico nem teatral.

Uma vez segura no hotel, lavei a boca, o rosto, coloquei a camisola e deitei-me na cama com a TV ligada. Após tanto tempo num jejum de avarenta, quando fui comer só podia fazer mal... O “remédio” foi ficar assistindo, ainda esverdeada, entre tantas dezenas de canais, a novela brasileira dublada em espanhol, Louco Amor com o Fábio Jr e o Lauro Corona estrelando.

Obs: Um fotógrafo tirou minha foto à mesa no Mama Leone’s a qual eu nunca vi. Que fim terá levado?