NAQUELE TEMPO...

(crónica africana)

A tarde estava quente e abafada. As nuvens cinzas pairavam baixas sobre a cidade. Era mais um daqueles dias bafientos que nos fazia transpirar. Os pássaros incomodados com o excesso de calor voavam sem parar e os insectos escondiam-se em buracos no solo ou nos cotovelos dos troncos ou entre a folhagem. Era um belo dia para me juntar aos amigos na praia. Ali jogávamos à bola e corríamos para as ondas que nos escondiam por dentro da sua rebentação. Era um tempo em que a natureza se comportava como amiga. As nossas tréguas eram duradouras, o que permitia podermos usufruir de tudo o que a natureza tinha para nos oferecer. Comparo aqueles calmos e pacíficos dias com os que hoje vivemos e encontro uma diferença nítida. Vivemos agora dias agitados, de medo e confrontações permanentes. O Mundo transformou-se numa aldeia global de guerras e confrontações, de egoísmo e corrupção. Deixou-se de viver para sobreviver. Benditos os inocentes e os ignorantes.

Ruy Serrano, 12.03.2014, às 22:45 H