AMOR: CAMINHO PARA ASCENSÃO

Fisiologicamente, ao pensarmos com amor em alguém, o nosso corpo reage a descargas de adrenalina que nos levam a uma sensação de bem-estar e o desejo de viver continuamente este sentimento. Como o bebezinho que quer o seio da mãe para ser alimentado e aconchegado buscando afugentar a frustação da fome e desconforto e o prazer do alimento, nós adultos, também buscamos a sensação de bem-estar desse sentimento.

Nos primórdios da evolução do homem, essa sensação de bem-estar era buscada como forma de sobrevivência, de configuração grotesca e estritamente instintiva. Era a forma de prenunciar rusticamente o ato de sentir amor na evolução do homem.

Apesar dessa aspereza instintiva e selvagem do homem da antiguidade, de manter no seu coração um sentimento inato e ainda rudimentar de amor para preservar a sua espécie, seu espírito mantinha nele semeado uma centelha procedente de Deus para que pudessem vencer sua imperfeição, buscando evoluir-se através do conhecimento. Este sentimento inato denominado de amor torna-se, então, uma ferramenta para chegar a perfeição.

Essa pequena semente que brotou no bruto como instinto de sobrevivência e depois como impulso na busca do prazer, anuncia-se a sua ascensão pois a medida que desabrocha nele o amor, esse acorda a sua inteligência e reflete sobre suas ações.

O homem então, em crescimento, durante a história, começa aflorar o amor através do pensamento ainda que cercado de daninhas paixões. A essência do amor ainda que de forma sutil quase que desapercebida, torna-se singular expressão dos homens. O amor desfila nos devaneios humanos, flama na dedicação dos mártires, eclode na conduta dos santos, germina na beleza da arte, inspira gênios e sábios, tentando expressar o que está guardado no espírito em plena evolução.

O homem, ainda que envolto em seus vícios e paixões, mergulhados em suas provas e expiações, sem de fato compreender suas necessidades espirituais e capacidade humana, o amor permanece acendendo o coração, mesmo que em variáveis condições e graduações, conduzindo o trabalho que nos leva a plenitude.

Por não se conhecer plenamente, por não se permitir amar na sua totalidade, por não exercitar o ato de dar, por consentir que sentimentos inferiores tomaram conta de seu ser, permanecendo-se encarcerado ao ego, a criatura humana sofre e se desestrutura emocionalmente. A partir do momento em que se permite amar, desatando-se de vícios, liberando-se do ego lentamente, seu coração transborda o amor e ilumina-se.

Derramando amor, colocando em prática a trilogia harmônica de Jesus, “ Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, o homem desenvolve o sentido de solidariedade vivenciando em tudo e em todos e ganha harmonia e equilíbrio para rumar à plenitude.

Assim, inverte a ordem do ensinamento, amando-se primeiramente, e com isso, desperta também as capacidades adormecidas para poder amar o próximo. Amando o próximo percebe que o outro é a extensão de si próprio e reforça seus valores morais para estar pronto para amar a Deus. Então, o amor transcende com força inabalável e é vivido em todos os momentos e emoções.

Em todos os momentos de nossa vida, seja quando nos sentimos frágeis ou felizes, alegres ou tristes, caídos ou vitoriosos, precisamos invariavelmente amar.

Quando não nos sentimos amados, é preciso amar.

Quando nos encontramos numa posição difícil, devemos amar.

Quando somos alvo de maldades alheias, precisamos amar.

Quando somos perseguidos no trabalho ou por qualquer outro motivo, é relevante amar.

Quando somos odiados, amar é imprescindível.

Quando estamos nos sentindo presos aos vícios e erros, cegos por qualquer paixão ou sentimento que nos desnorteia e desequilibra, o melhor remédio é amar, pois o amor destrava as algemas, supera todas as barreiras e nos deixa livres.

O amor é a chave de tudo que nos aprisiona; ele aciona a liberdade, pois quem ama, é livre. O amor é aquela pequenina luz que adentra o escuro túnel onde habita os nossos sentimentos mais conflitantes e amargos, e que assim, sinaliza um caminho.

Se cada um for capaz de amar, cumpriremos qualquer lei, sejam elas as morais, de Deus ou da sociedade, mesmo que nem percebamos tal atitude. Por que quem verdadeiramente ama segue “a regra de todas as regras”: o amor. Consequentemente, acaba seguindo todas as outras regras de convivência sociais e vivencia a cultura da paz. E mesmo que tenhamos vicissitudes, sofrimentos e dor, tudo se adequa, tudo se harmoniza.

Quando se ama, não se comete crimes; há respeito, delicadeza, sutileza nas palavras e ações. Não precisa pedir para não ter brigas, para honrar pai e mãe, para ser carinhoso com filho ou com o idoso, respeitar as regras de trânsito, de gentileza e cordialidade ou qualquer outra. Elas se tornam incorporadas no viver, no comportamento, no jeito de ver e fazer as coisas. Onde o amor adentra, tudo fica sereno e se plenifica.

Apesar das notícias que a degradação moral da humanidade está aumentando, devemos sempre exaltar o bem existente, fazendo de nossos atos, da nossa fala, da nossa conduta em prol do amor e do bem, da nossa própria alma, uma pequenina luz a iluminar nosso caminho.

Quando se ama, se é saudável.

Quando se ama, se é capaz de desatrelar dos medos e ansiedades, das máscaras e dos recursos utilizados como escudo que verdadeiramente amordaça e reprime. O amor nos liberta das correntes, rompe as couraças psicológicas e anéis que envolvem nosso ser e nos deixa livre para realmente viver, normalizando o fluxo de tudo que é positivo para que possamos conhecer melhor aquilo que se realmente sente. O amor abre os portões da percepção mostrando que sempre é possível evoluir a cada dia despertando para a plenitude.

O amor é estímulo que depura; capaz de perdurar alavancando cada um de nós em direção do bem, possibilitando que nossas vivências terrenas nos transformem em plenitude. E esse amor inteiro, puro e edificante, vivido em seu clímax tem a capacidade de produzir mudanças em nossa realidade. Como um farol a iluminar nossos caminhos, nos coloca no prumo para a iluminação. Somente ele e através dele, seremos capazes de evoluir sem tantos deslizes, aliviando nosso fardo através do progresso moral, carregando em nós mesmos a realização e a felicidade.

ESPALHA FLORES

Isabelle Nogueira Art (VOVÓ TINTA )
Enviado por Isabelle Nogueira Art (VOVÓ TINTA ) em 12/03/2014
Reeditado em 12/03/2014
Código do texto: T4725880
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