O AMIGO EQUÍDEO
O AMIGO EQUÍDEO
- Você é um cavalo! – gritou a mulher ao marido.
Se pudesse falar, o que o mencionado teria a dizer? Talvez algo assim:
- “Humilhação, não. Você está me ofendendo ao me comparar a esse não sei o quê!”
Vejamos no dicionário:
- cavalo: mamífero equídeo, domesticado como animal de tiro e de montaria; homem muito grosseiro, pouco inteligente; jumento (olha mais uma ofensa aí).
Ele vem chegando devagar, como não quer nada. Aquele jeito pacato e preguiçoso, só esperando a aposentadoria chegar, pois trabalhou toda a sua vida e ele também merece desfrutar de um descanso, apesar de não ser remunerado como um deputado com todas suas mordomias.
Não se sabe de onde ele vem e quem é seu dono. Mas vez ou outra – ou outra vez – como quiser, ele empaca. Fica tempo parado sem se incomodar com o pessoal que passa. Imóvel. Como uma estátua. Sem fazer nada, também não. Invade os lotes sem construção e vai comer o seu capim tranquilo.
Mas tem os seus transtornos quando resolve mexer no lixo colocado em local próprio, bem arrumado a espera do caminhão da prefeitura.
- Só pode ser esse cavalo de...! – reclama a vizinha. E com razão.
Mas o que fazer? É um cavalo. Não nos entende. O máximo que podemos fazer é procurar seu dono e explicar a situação. Mas não adianta. O dono não aparece e o jeito é ir levando como pode.
- Você é um cavalo! – grita novamente a mulher.
E o dito cujo fica ali, empacado, não querendo se meter em briga de marido e mulher!