EVANGELHO CIDADÃO SEGUNDO OS NOVOS TEMPOS

A Bíblia, livro que direciona as religiões cristãs, e para quem acredita independente de religião, no novo testamento, parte que tem os evangelhos e as narrativas da passagem do Cristo na terra, em um dos seus ensinamentos, Ele mesmo, Cristo, diz que veio para que todos tenham vida, vida plena, em abundância. Quando se fala todos, se engloba: homem, mulher, criança, adulto, homoafetivos, prostitutas, carentes, abastados...

A plenitude humana não se dá através da castração! A afetividade, a sexualidade, a convivência, a participação social, as relações de respeito, a celebração da vida entre outras coisas são pré-requisitos para a total felicidade, estão intrinsecamente ligados. Não se pode ser feliz ou realizado pela metade, o ser humano necessita de ser inteiro para ser íntegro, benevolente, atuante, participativo e cidadão.

Negar ao sujeito uma parte que lhe é nata, é torná-lo mutilado. Se assim não fosse, algumas pessoas seriam sexuadas, outras assexuadas. Prova disso é que quando isso não acontece, a própria sociedade cria a exclusão, os que vivem à margem, o preconceito e a intolerância. Até que se prove o contrário, de acordo com as ciências biológicas, o desejo, o prazer, a necessidade do outro, o erótico são características inatas do ser humano. Se estivessem apenas ligadas a procriação, não existiria homens e mulheres improdutivos.

Numa outra passagem existe um outro ensinamento por parte dele: atire a primeira pedra... Quando autoridades religiosas queriam tirar a vida da mulher adúltera! Na lei de Moisés era teria sido morta, mas a lei está para o tempo, ela deve ir ao encontro dos interesses da época. Caso não se ajustem, passam a ser caducas, desinteressantes, desrespeitadas. Jesus tinha essa sensibilidade, que muitos líderes religiosos não têm, embora se auto titulem PASTORES, a exemplo do filho de Deus.

Existe ou não existe o divórcio nos dias de hoje? Qual é a mulher que viúva se casa apenas com o irmão do marido morto? A emancipação feminina é ou não uma realidade? Por que tanta intolerância nas questões homoafetivas? A cada sociedade, pelo social, pela cultura, pela história, novos conceitos, necessários ajustes, grandes mudanças, precisas transformações, emergentes revoluções. A população exige adaptações para um melhor conduta na convivência entre as partes integrantes da sociedade contemporânea.

Quem não se lembra da parte do evangelho de Mateus 15 que diz: "11 O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem". O que provoca as divisões, a falta de respeito e a intolerância são dos discursos ingratos, as palavras ingratas da boca daqueles que se dizem seguidores dessas verdades, mas que não conhecem as verdades ditas pelo mestre maior. São hipócritas, malfeitores, assassinos de felicidades alheias. Humanos metralhadoras de imprudência, sem sensibilidade ou amor ao próximo.

Será preciso nascer de novo? Da carne ou pelo espírito?

A palavra é felicidade. O homem necessita viver feliz, para isso somente através da conquista de direitos que legitime o homem na sua plenitude: direito de celebrar o amor, a união com o parceiro ou parceira que lhe proporcione vida em abundância; direito à dignidade que perpassa pelo direito da igualdade, na vida social, de constituir famílias legítimas, adoção de filhos, reconhecimentos legais previdenciários; direito à vida e nela de poder gozar da liberdade de escolha, de orientação, de pertencimento, de alianças, de partilhar com os outros da sua felicidade, sem atos truculentos, sanções sociais, repúdio, homofobia, óbito.

Atitudes sensatas, diálogos calorosos, respeito aos diversos, ensinamentos diários que não se pode mais esquecer.