OUVINDO HISTÓRIAS

Os trabalhos que continuo fazendo ainda são peculiares, mesmo depois der ser adepta do funcionalismo público, permaneço me divertindo e tendo contato com pessoas que trazem consigo histórias encantadoras, uma delas vem a memória neste momento com a presença de um político, um tanto sem sorte, parece-me que assim como na política não tem sorte no amor também.

Enfim, agora me preocupo em falar de pessoas despercebidas pela sociedade que resolveram em uma tarde, no shopping, compartilhar suas histórias com uma estranha que talvez, por ser simpática desperta um ar de confessionário, como aconteceu com uma senhora que compartilhou sua vida ao contar que resolveu se casar aos quarenta anos, enquanto não comprasse um carro , casa e viajasse para o exterior; Isto aconteceu e para infelicidade dela , casou-se aos trinta e nove anos, contou tais detalhes com um ar de insatisfação por não ter esperado mais um ano.

Foi um tanto inusitado ouvir a história de um senhor de setenta e nove anos , o qual a idade ele gostava de resaltar.Sua historia foi bem detalhada e para minha sorte ele resolveu pular a parte da infância e os tempos de escola, contou-me que foi o primeiro a arquitetar um prédio em minha cidade como também o metrô nos emirados árabes , depois de vinte e cinco anos vivendo no exterior, ao ouvir uma frase do governador decidiu voltar a minha terra natal que para ele nada de atrativo tinha, enfim, enquanto contava a sua história, eu imaginava o quanto a vida dele havia sido agradável experimentando as coisas boas da vida, depois de mergulhar em meus pensamentos e suposições , pude entender que toda aquela história era para que ele conseguisse ajuda financeira para publicar seu livro.

Fiquei imaginando , se depois de tantos anos vievendo nos emirados árabes não sobrara um centavo para tal façanha. Para confortá-lo disse que reproduziria a história para o presidente, ele contestou que não teria problema já que lhe restava o máximo de um ano e meio (foi o que garantiu) como alguém querido sempre diz: -Tadinho! Ele não sabia que atendente era uma simples servidora.

Foram bons momentos, como na manhã em que três rapazes me alegraram com o ar de juventude, embora eu ainda respire deste ar, já passei da fase, a qual eles enfrentam: a de se aventurar nos processos seletivos a fim de ter algum êxito na vida.

Achei corajoso e interessante a história de outro, aparentava uns 35 ou 40 anos, me contara que estava decidido mudar de vida, iria cursar medicina fora do país ou vender a casa e abrir uma franquia ou viver em Florianópolis ou voltar para o antigo emprego ou continuar enfermagem, fiquei tão perdida com tantas possibilidades que soltei uma gargalhada pois vi um homem com a esperança de uma criança, sem dúvidas isto é uma raridade.

Confesso foi um tanto assustador a visita de alguns, como um homem cheio de crucifixo que pedia para eu acompanhá-lo ao redor da mesa enquanto escolhia um livro, outros perguntavam sobre a exposição e outras coisas mais.

Estará sempre em minha memória as histórias que ouvi e como certa vez li “ os idosos viajam nas suas lembranças”, e de todas estas , o que mais me impressiona são as lembranças da família, pai, mãe, avós, que talvez tenham falecido há décadas, contudo, permaneciam vivos na memória de seus queridos.

Finalmente, o que mais me intrigava era o tempo de escolha de cada um... Mais ou menos quarenta opções para escolher, por exemplo o senhor que agora observo está há mais de dez minutos folheando os livros e julgando as capas, sempre imagino que devem fazer o mesmo no cotidiano, quando a escolha é rápida, logo deduzo que é insensato, instável, ou alguém que se conforta com o qualquer um, já quando demora classifico como um indeciso, sem atitude, um contemplador da vida, então me desperto e entendo que o meio termo, que talvez seja o perfeito, não existe, a contar deste meu último comentário.

Jhomara Alves
Enviado por Jhomara Alves em 09/03/2014
Código do texto: T4722334
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