BRINQUEDO DE MOLEQUE

No momento propício ele deu o bote, cutucou-me o ombro. Por sorte bem de leve, pensei que fosse um prego. Revidei, empurrei seu pé. E perguntei: o que é isso, menino? Em vez de responder, o silêncio se fez. Em dois minutos, correndo como lebre, ele foi se esconder. Sem me mexer, somente com os olhos segui seus movimentos. De pulinho em pulinho o moleque se esgueirou e sumiu. Dei um tempo e fui ver. No escuro, sob o berço do nenê, encontrei-o bem encolhidinho. Deixe esse esconderijo e me dê o prego, ordenei. De pronto ele obedeceu e esticou os dedos. Pelo piso frio, tec tec tec, rolou um pequeno objeto colorido. Bem diferente de um prego. Inocente brinquedinho do Lego!

(texto escrito sem o uso da letra A)