Começou o tempo da barbárie...
Em plenos tempos contemporâneos, a máxima que diz: Come do meu feijão, prova do meu cinturão, ainda é a lei estabelecida nas cabeças de alguns trogloditas intitulados de pai! Pai? O caralho, isso sim!
Não houve avanço tecnológico, nem emancipação feminina que inviabilizasse o modelo patriarcal das famílias na sociedade atual. Atos de grosseria e desrespeito estão espalhados por todos os lados, daí perguntar: Por onde anda os Direitos Humanos? Por onde anda o Estatuto da Criança e do adolescente? Onde se esconde o Estado de Direito ou a Justiça desse país?
Estão todos surdos ou dormindo em sono profundo, estado pleno de letargia.
No art. 4º do ECA está escrito: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária.
Quando não se respeita a formação social do filho, ainda em pleno desenvolvimento psicossocial, está se desrespeitando a lei estabelecida, a lei que assegura o direito à vida e à dignidade. A sexualidade faz parte da vida, faz parte da dignidade humana. São indissociáveis, ninguém é feliz castrado. O sujeito em descoberta nasceu, talvez por um ato irresponsável desses agressores fantasiados de responsáveis legais, talvez por falta de planejamento ou uma tabela errada, uma camisinha estourada, passando a ser subjugados, agora, ao fado pesado de aguentar atos grotescos de violência, intolerância machista, como se fossem reflexo, espelho, ou viessem à luz para perpetuar o dito popular que diz: Filho de peixe, peixinho é. Filho/filha nenhum traz consigo a obrigação de ser protótipo dos pais. Ninguém é obrigado a ter pensamentos iguais, ações iguais, comportamentos iguais aos dos genitores. O ser humano é cultural, constrói a sua própria identidade pela vivência, pela experiência de vida acumulada.
Ninguém muda ninguém pela força, mas esses brutamontes conhecidos como pai acham-se no direito de mudar o que é subjetivo, inerente a cada ser a socos e pontapés: Desfiguram o rosto, destroçam o corpo, estouram o fígado, quebram as pernas, expulsam de casa, renegam, tiram-lhes a vida. Basta.
É preciso coibir a violência doméstica por pais que não aceitam a orientação sexual de filhos/filhas crianças e adolescentes. É preciso se pensar na condição desses sujeitos sociais em processo de descoberta ainda mais cedo, ainda sobre a guarda dos pais ou familiares, tendo em vista estes serem responsáveis legais por aqueles que se encontram em situação de desrespeito, obrigados a terem condutas opostas as que lhes são tidas ou construídas ao longo de uma vida.
Não adianta mais por a poeira para debaixo do tapete, nem querer engolir a seco como se isso fosse a solução.
Medidas emergências na educação, políticas de respeito a diversidade, medidas mais severas pela justiça, exercício real da lei já estabelecida, coisas necessárias ao combate a toda essa homofobia.
Começou o tempo da barbárie. Não é de hoje que se escuta a morte de filhos ou espancamentos por pais porque julgam os filhos como seres de comportamento anormal. Mas o que é ser normal: coçar o saco, distribuir porrada, subverter a lei e arrotar arrogância?
Melhor seria render esses malfeitores como se rendem os bois nos rodeios, queria ver se também aguentariam dor.