As indagações dos sequazes
As indagações dos sequazes
Oiram é indagado pelos seus sequazes no breu da madrugada.
- Como se deve ver o mundo?
A Víbora olha para frente e responde:
- Percebo que muitos de vocês olham o agora com os olhos de ontem e querem enxergar o amanhã com o olho da especulação. Arregalai-vos os olhos para o já e deixem a cegueira do passado e os óculos do futuro em seus devidos tempos.
- Mas, Víbora, onde estão as respostas?
- Nas sombras projetadas pela ignorância e pela luz.
- Víbora, de onde viemos?
- Não importa para onde se vai e nem de onde se vem, porém, como seguir na existência.
- E qual o futuro da humanidade?
- O agora!
- Como assim?
- As adivinhações e probabilidades não cabem no complexus. Não há uma bula para se ler e, tampouco, manual de vida para se seguir. O descaso com o agora fabrica um futuro e desperdiça o presente, trazendo, dessa maneira, o passado a todo o instante.
- Oiram, você acredita em quê?
- Na exaustão da existência e na plenitude da vida.
- Qual é o sentido da vida?
- Estar! Ser! Permanecer!
- O que fizeram da vida, hoje em dia?
- Tudo, menos vida! Adoeceram-na para receitar a morte e fabricar uma cura que viria de uma eternidade inventada.
- O que é a morte?
- Um axioma! É movimento, é reticência! Morte é vida novamente, mas, não vida além; a vida se perpetuando em nova matéria que jamais chega ao fim. A eternidade da matéria é um axioma!
- O que você procura?
- O desequilíbrio que foi refutado pelo equilibrou do mundo e fez da estrutura o alicerce da vida.
Oiram pediu que todos se calassem e prestassem atenção no silêncio.`
- É preciso ouvir a voz que a vida grita e tapar os ouvidos para o que o mundo discursou/discursa. A vida deve ser vivida a exaustão e produzida no inconsciente sem culpas. Eis a minha punção!
Depois de responder aos sequazes, Oiram fechou os olhos e foi conversar com o seu mentor, o Silêncio. Os sequazes entenderam a reclusão da Víbora e o deixaram só, com os seus fantasmas noturnos.
Víbora Notívaga