Menino indo pra escola
Lembra-me o gosto metálico do Kolynos batendo no fundo do estômago vazio na escuridão das manhãs de 1990. Terminava de escovar os dentes no tanque que ficava à beira da rua - já dormia uniformizado, menos por prontidão que por preguiça -, e seguia a trilha escura das 6 da manhã, na rua de terra à margem de pastos secos, na jornada de meia hora até a porta da escola, onde era sempre o primeiro a chegar, antes do porteiro. Medo da escuridão que permanecia comigo em meus sonhos, medo do sussurro das corujas antipáticas, medo de chegar atrasado, que persegue até hoje. Saudade desse menininho estranho, estranho.