Maldito Saco de Pão
Falando em carro do ano e por menor preço, outro dia fui num leilão. Chego bem cedo e começo anotar os carros de interesse para a hora do pregão estar convicto do lance final. Olho o carro aqui, analiso ali e, pronto, é nesse que eu vou. Mas, sempre tem o mas, e o mas era o tiozinho que também estava a avaliar o mesmo carro de meu. De repente, ele me olha com cara de quem diz: "vai ter briga". Então eu olho e retorno meu olhar em forma de pensamento firme, e digo: venha, vovô, estou preparado.
É chegada a hora do pregão. Somos centenas de pessoas; tinham ali empresários dos mais variados seguimentos, novatos e até gente simplesmente querendo se aventurar.
Pregão começando, olhos fixados, papéis e canetas nas mãos aflitas. Olho para o lado e, o tiozinho. Penso: "esse cara de novo"! Que vovô insistente. Mas passa.
Dá-se início ao leilão e aguardando estamos ansiosos para chegada do nosso modelo, etc. E tome lance de lá, lance de cá e eu só aguardando àqueles que muito em breve começaram a desistir.
Até que no penúltimo lance, o tio entra em cena e penso, é agora... doli uma, alguém da mais? Doli duas e, imediatamente levanto o braço e dou o lance final. Mas, sempre tem o mas, já falei isso antes, não? Então, o tiozinho sequer esperou meu lance terminar de ecoar salão adentro, olha novamente para mim e imediatamente levanta umqa das mãos para cima com tanta convicção e euforia, que parecia o pastor Valdomiro pronto para arrancar bilhões de demônios de dentro daquele salão. E com a outra mão, ergueu-se meio saco de pão cheio da grana e diz, eu dou tanto e ponto final. E eu, com cara de basbaque, suspendo as mãos para cima em menção de "ok, eu me rendo, e lhe disse": por mim tudo bem, eu nem queria esse mesmo.