Digno de ELOGIOS.

O princípio mais profundo da natureza humana é a ânsia de ser apreciado. Todas pessoas anseiam por isso.

William James

"Elogiamos ou criticamos de acordo com a maior oportunidade que o elogio ou a crítica oferecem para fazer brilhar a nossa capacidade de julgamento." Nietzsche

Quando o Neymar era jogador do Santos Futebol Clube acho que muito dos elogios que fiz a esse atleta ficavam amortecidos pela mania de se interpretar essa questão com o vínculo de proximidade de quem elogia com aquele que é alvo de nossos regozijos. Ou melhor, a tendência é que as pessoas interpretem nossos elogios com suspeição quando são dirigidos a quem está bem perto de nós.

Não sei se os amigos já perceberam, mas eu tenho vocação para elogiar quem eu acho que merece um elogio. Gosto de retribuir algo que me dão com alegria no mesmo ângulo de receptividade. Aliás, elogiar deveria ser algo inerente às relações de proximidade entre as pessoas. Receber um elogio é o mesmo que receber uma gratificação ou um agrado de alguém que nos quer bem.

Às vezes percebo que as pessoas são reservadas (e muito) quando se trata de dizer algo bom a outrem. Entretanto, quando é algo desagradável parece ser mais fácil. Pelo menos o que se vê no cotidiano é um número infundado de críticas quando algo não vai bem. A tendência é que haja uma chama de informações quando a fonte geradora é uma notícia indigesta sobre alguém. Não consigo entender essa lógica.

O fato é que NEYMAR foi para longe. Hoje, não é mais da equipe praiana e diante desse quadro acho que meus elogios vão se tornar um pouco mais dignos de crédito.

Sucede que não temos no Brasil um jogador de tanto talento como ele. É diferenciado. O Neymar é tudo aquilo que o brasileiro já viu em jogadores do passado. Acho que todos os fundamentos de jogadores renomados de outrora estão reencarnados no jeito ‘moleque’ de Neymar se apresentar para as jogadas. Ele é ousado. É espontâneo nas suas criações de momento. Não se limita a dribles predeterminados como foram as ‘pedaladas’ de Robinho. Ele inventa se for preciso. Ele é determinado na sua ginga. Acredita nela e vai pra cima dos zagueiros. Ele não se contenta em fazer uma jogada ordinária. Ele quer que as coisas se transformem em extraordinárias.

Agora que o Neymar foi embora a gente fica assistindo um jogo e esperando que saia alguma jogada encantadora. Ficamos na espera que de repente um jogador que esteja no vídeo saia de sua masmorra de toques e passes simplesinhos para dar uma arrancada e driblar dois, três ou quatro adversários. Ficamos somente na espera porque ninguém faz isso. Só ele Neymar é capaz de ousar nesse sentido. As partidas do cotidiano ficam monótonas e sem brilho. Os times cumprem seu esquema tático. Ganham o jogo, mas não encantam ninguém. Parece um cenário burocrático onde a única magia de se jogar bola e fazer um gol ou então, na pior das hipóteses, não levar nenhum.

É bem provável que Neymar vá brilhar na Copa do Mundo aqui no Brasil. Há também aqueles que não se importam em afirmar que não. Sinceramente, não estou nem aí com aqueles que torcem contra. Eu quero é ver um Brasil insinuante. Quero ver um elenco comandado pelo jeito extrovertido de jogar desse rapaz camisa número 10 do elenco brasileiro. Só ele vai fazer o Brasil jogar com jeito e com ginga brasileira. Ele é genuinamente a obra de arte de nosso futebol. Quem negar isso vai ter que se contentar em ver o óbvio de nossa decadência futebolística. Vai ficar carrancudo e ver nosso futebol burocrático dos últimos tempos.

Eu me proponho a ser feliz nessa Copa. Reestabeleço a alegria de ver um futebol de dribles desconcertantes, de arrancadas, de passes milimétricos, de toques geniais, de gols extraordinários. Para isso tudo, penso que no futebol brasileiro, quem mais tem probabilidade de oferecer tais fundamentos aos nossos olhos é um ídolo chamado NEYMAR.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 07/03/2014
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