Aventura humana
Quando maldigo as injustiças, principalmente as respaldadas pelas instituições, que têm sua base no interesse das classes dominantes, e contra as quais a prudência recomenda obedecer, me indago a respeito de tudo que utilizo, como este computador, que possui seus componentes fabricados por mal pagas mãos chinesas. Ao degustar este café adoçado graças às mãos calejadas de cortadores de cana expostos ao sol nos canaviais brasileiros. Não poderia esquecer o corajoso espírito empreendedor dos empresários que os empregam e que possuem o talento para a gestão de grandes negócios. Independente de qual lado ideológico se esteja o cruel é achar justo o destino dos que sofrem desmesuradamente para que a máquina sócio econômica funcione. Ainda que nenhum outro modelo tenha se mostrado incontestavelmente mais harmônico não dá para concordar com o que está estabelecido. A única coisa que explica as lutas pela sobrevivência entre iguais é o estado primitivo do ser humano baseado na competição, na concorrência, que são versões “civilizadas” dos predadores justificada por esse estado. Há um sem número de agruras humanas impossíveis de listar, porém as da sobrevivência são as básicas e por isso as mais cruéis. Em algum lugar no espaço-tempo deve existir outra forma dos seres viverem onde as interações são literalmente harmoniosas, e de onde se entenda ser um mal necessário o conflito das almas dos homens.