CARTAS
Bons tempos aqueles, em que a gente escrevia cartas para a namorada distante – cartas derramadas, com juras de amor eterno. Elas, invariavelmente, começavam assim:
-- Espero que, ao receber esta, estejam todos – sua família e você – gozando (ops!) de saúde e paz. Etc.
As cartas demoravam a chegar ao seu destino. Demoravam mais ainda para retornar, quando retornavam. Uma lástima. O coração aflito, por apaixonado, pintava e bordava os piores cenários:
-- Será que minha Capitu tem outro?
Quase sempre tinha. Quando não tinha, logo tratava de ter. Muitas vezes, nem se dava ao trabalho de lhe mandar um bilhete:
-- Bentinho, nosso amor foi lindo enquanto durou. Seja feliz. Adeus.