A SIMPATIA
Em mil novecentos e antigamente, Antônio, conhecido em toda a região como Niquinho, morava numa pequena cidade do sul de Minas Gerais, chamada Luminárias, perto de São Lourenço e era o dono da única farmácia do lugar.
Além de farmacêutico, ele exercia a função de enfermeiro, médico e parteiro.
Nos finais de semana, feriados e dias santos, lá ia ele, montado no seu alazão, atender um paciente nas redondezas.
Certo dia, ele foi a um sítio, atender um chamado urgente e encontrou um conhecido pelo caminho...
- Bão dia, sô Niquinho.
- Bom dia, Pedro.
- O sinhori pudia dá uma oiadinha na minha muié, qui tá passano mali?
- Infelizmente, não posso. Tenho que atender a uma parturiente.
- Pur favori. Vamu lá dipressinha. Januária num tá boa, coitada.
- Então, vamos bem rápido.
Sr. Niquinho, vendo que se tratava de um resfriado, colocou o termômetro debaixo do braço da mulher, receitou um chá de folhas de laranjeira e disse:
- Amanhã, aproveite que você vai na rua e passe na farmácia, que eu vou receitar uns remédios para ela sarar logo.
- Muito gradecido.
Preocupado com o parto que teria que fazer, o “médico” montou no seu cavalo e partiu, apressadamente.
No dia seguinte...
- Boa tardi, sô Niquinho.
- Boa tarde, Pedro. Sua esposa melhorou?
- Miorá ela miorô, mas...
- Já sei. Veio buscar os remédios para ela.
- Vim, sim sinhori.
- Então, leve estes comprimidos para febre e este xarope para tosse. Fale com ela para continuar com o chazinho.
- Faz o favori de anotá aí que no finar do meis eu acerto tudo.
- Tudo bem. Vá com Deus.
- Fica com Ele, tamém.
Ah, sô Niquinho, Januária mandô fazê uma preguntinha pro sinhori.
- O que é? Pode perguntar.
- Ela qué sabê qui hora qui é pra tirá aquela simpatia qui o sinhori botô no subaco dela?