Blá blá blá...

A necessidade de tocar e falar se mostra tão entranhada em nossa cultura que acaba muitas vezes dando lugar ao exagero. Muitos são aqueles que não conseguem expor seus pensamentos a outros sem o famoso “encosto”. Imagine dois amigos caminhando. Enquanto um segue paralelamente em linha reta, o outro faz questão de desafiar Newton. Quem não tem ou já teve amigos assim? A vontade de chamar a atenção para si muitas vezes excede, talvez num ato de insegurança própria. E nessas horas não tem outro jeito, a invasão do espaço mínimo, estabelecido mentalmente para um bom e saudável diálogo, gera respostas monossilábicas do tipo: aham, hum, tá, é… Se a conversa for via telefone então, literalmente nem se fala e viva a bina! Existem também as comunicações feitas entre olhares que por terem certo entrosamento, a notoriedade do que se quer é demonstrada no gesto, mesmo que discreto, dispensando qualquer ato verbal, às vezes isso se faz necessário, mas é preciso ter cuidado para não se tornar uma relação fria. E a nossa cultura brasileira diferenciada, como fica? Existe hora para tudo, do abraço caloroso, da risada exagerada, do olhar discreto, do silêncio para ouvir, até mesmo dos berros para chamar a atenção. Tudo deve ser muito bem ponderado para ambos os lados e principalmente acompanhado da palavrinha “caridade”. Sejamos bons equilibristas.