SÓ DANÇAREI ATÉ TERÇA FEIRA.
Nasci em uma pequena cidade do interior de São Paulo. E, ainda trago na memória a voz de minha mãezinha me dizendo:
-Não pode dançar na quarta feira de cinzas, senão nasce rabo!
Eu e meus irmãos fazíamos o sinal da cruz e jamais, de forma alguma a gente mexia o corpo ao som de uma música qualquer. Se,inconscientemente isso acontecesse, sentíamos o corpo arrepiar e passávamos o resto do dia rezando baixinho e olhando para os lados com receio de ver o “coisa ruim”. Tínhamos medo até de falar o nome “demônio”, pois acreditávamos que ao fazer isso estávamos chamando ele e que “ele” viria dormir conosco...
Hoje, ninguém teme mais nada, nem respeita, nem teme.
Antes bastava a mãe falar. Respeitávamos, acreditávamos!
Quanto receio... Quanta crença!
Hoje nesse mundo sem regras, onde sequer as leis são respeitadas, até mesmo a voz de minha mãe, me faz falta.... Não apenas no momento de dançar na quarta feira, mas em todos os momentos da vida.
Está faltando um “freio inibidor” para o ser humano em muitos instantes da vida.
O ser humano parece estar perdendo os valores morais e até mesmo o amor ao próximo. Está faltando um pouquinho de Deus, dançar na quarta feira é o mínimo que pode acontecer...