POR ONDE ANDAM?

O cenário musical, notadamente o brasileiro, é pródigo no surgimento de talentos que fazem história e permanecem por décadas. Mas, por outro lado, alguns cantores se destacam em determinada época, têm um sucesso meteórico e depois desaparecem totalmente. E a gente fica se perguntando: por onde andam?
Me lembro de Maria Alcina, a cantora de voz grave e visual andrógino, estourada nos anos 70, no Festival da Canção, cantando "Fio Maravilha", de Jorge Ben. A gente se perguntava como aquela menina magrela podia ter uma voz tão potente! Por um bom tempo só se falava nela e hoje, cadê Maria Alcina?
No outro extremo está o timbre agudo de Tetê Espíndola, que venceu o Festival dos Festivais da Globo, em 1985, com a bela música "Escrito nas Estrelas". Sua voz fininha de menina foi marcante, pois era algo diferente de tudo o que se ouvia até então. Não tenho ouvido mais falar de Tetê.
E a Lucinha Lins, vencedora do MPB em 1981 que, em pleno Maracanãzinho, ao ser anunciada como melhor intérprete com a música Purpurina, recebeu uma sonora vaia que durou 15 minutos? Em contrapartida, Guilherme Arantes, com a música "Planeta Água", ficou com o segundo lugar, mas foi ovacionada pelo público, que cantava em coro o refrão "Terra, Planeta Água". Guilherme foi o maior nome dos festivais da Globo, produziu músicas lindíssimas e hoje pouco se ouve falar nele.
E quem não lembra da dupla Baby Consuelo e Pepeu Gomes? Com a música "O mal é o que sai da boca do homem", em plena ditadura, eles arriscaram : "Você pode fumar baseado/ baseado em que você pode fazer quase tudo/ Contanto que você possua/ mas não seja possuído/ Porque o mal nunca entrou pela boca/ do homem.../ Porque o mal é o que sai da boca/ do homem...". A canção conquistou a platéia mas depois, foi proibida. O casal se separou, a Baby (Baby do Brasil) apareceu por uns tempos e o Pepeu eu nunca mais ouvi na mídia. E Amelinha, e Raimundo Sodré? E Jane Duboc e Eduardo Dusek?
Crueldade com nossos talentos? É, pode ser. Neste mundo visual e virtual que estamos vivendo, as coisas passam muito depressa e, com isso, perdemos o supra sumo da música nacional.
Não é bem o assunto da crônica, mas lembrei-me de Jessé, uma das melhores vozes masculinas que surgiu no cenário nacional e que, no auge do sucesso, foi ceifado, jovem ainda, pela morte num acidente de carro. Uma perda inestimável!
E dou graças por Oswaldo Montenegro estar aí, firme e criando maravilhas! Meu ídolo, lindo, inteligente, talentoso! Para mim, o melhor fruto dos festivais da década de 80.
                                                                                                                                              Giustina
(imagem Google)
Giustina
Enviado por Giustina em 03/03/2014
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