Diário de Sonhos - #070: Para Cortar os Cabelos de Um Homem

Finalmente decidi que vou cortar meu cabelo. Chega dessa juba de leão que dá o maior calor no verão. Vou raspar carequinha da silva. Mas no fundo não tenho certeza se quero fazer isso. Vacilo. O problema do novo e do diferente é que temos medo dele. Medo de não saber como é, de não estar acostumado. Mas o maior medo é o medo de gostar. Este sonho é sobre meu medo de cortar o cabelo.

Eu sonhei...

Sonhei que estava em casa, conversando com uma amiga no Facebook. Conversávamos que eu queria cortar o cabelo. Ela sugeriu que eu fosse até a Galeria do Rock e vendesse meu cabelo.

Agora estou na Av. São João, de frente pra Galeria do Rock. Dois sujeitos vêm até mim. Um deles se parece com meu amigo Djavan. Eles perguntam se eu não quero vender meu cabelo, eles pagam bem. Penso um pouco, e respondo que sim. Então eles pedem pra mim fazer um rabo de cavalo. Um deles vem com a tesoura e corta, em seguida sai correndo com o meu cabelo. O outro tira da carteira duas notas de vinte reais, e também sai correndo. Tenho vontade de chorar, porque perdi meu cabelo por nada. Em seguida fico com raiva, e resolvo entrar na galeria atrás deles. Lá dentro é meio escuro. Muita gente sobe e desce as escadas, silenciosas e sérias. Há várias lojas de disco, lojas de roupa e acessórios de rock. Depois de muito procurar encontro os ladrões de cabelo. Eles fecham a loja na minha cara. Entro assim mesmo e exijo uma remuneração melhor. Eles me pressionam, me ameaçam e me fazem me sentir constrangido a ponto de eu pedir apenas mais uma nota de vinte, pra completar sessenta reais. Eles recusam. Tomo coragem e ameaço chamar um policial, mas eles nem dão bola. Procuro por um policial, mas não vejo nenhum (e até pouco tempo atrás havia muitos). Quando encontro um, tento falar, mas minha voz não sai.

Agora estou numa van com meus colegas de trabalho. Parece que estamos indo fazer reciclagem de treinamento. Tenho vergonha de que vejam meu cabelo, então uso um boné.

Três de março de dois mil e quatorze.

Renan Gonçalves Flores
Enviado por Renan Gonçalves Flores em 03/03/2014
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