O Terminal...


Ouço com freqüência pessoas dizerem ou desculparem outras por ter roubado um pacote de manteiga ou um pedaço de pão. A questão não é o que foi roubado, mas a ação praticada , que está redondamente errada. Não há justificação. A mão que pratica tal ato está exemplificando para o filho que se ele tiver fome ou necessidade vale o roubo, o furto. Portanto, não concordo.

Minha mãe ficou órfã da mãe aos dez anos de idade e já não tinha pai. No interior há alguns anos atrás era bem pior que hoje. Ela sem casa, pois viviam já de favores em casa de dono de fazenda, foi mandada para outra casa, depois para outra, outra e, assim cresceu. Nunca roubou nem quando sem casa e sem comida sentiu o estômago doer e corpo de frio se contorcer. O mesmo aconteceu com meu tio, seu irmão que trabalhou como soldador aprendendo na prática. Foram honesto e corretos até o fim da vida. Deram exemplos de vida e de amor a Deus e a si mesmos.

Na noite de domingo, a TV Fox, exibiu o filme “O terminal” com Tom Hanks, dirigido por Steven Spielberg. Pelo elenco um filme de primeira...Vamos chover no molhado falando de ambos, mas é preciso pois algo ficou na minha cabeça que preciso falar.

No filme Victor, vem aos Estados Unidos, para resolver um assunto familiar, mas por causa da guerra na Kracóvia, seu passaporte apresentou problemas no aeroporto e ele não pode sair de lá, ficando preso, e, morando no terminal.

Acontece que era vigiado vinte e quatro horas, permanentemente, e os encarregados pela segurança do aeroporto apostando em sua teimosia e necessidade para sair de lá quando então o prenderiam. Por vários momentos ele foi tentado a sair, chegando até à porta de saída e recuando o que deixava os observadores desorientados e frustrados. Queriam prendê-lo mas não havia um motivo justo e a saída do terminal de forma ilegal daria a eles esse motivo.

Mas, ele teve uma paciência de Jó. Mais que de Jó. Sobre humana. Seu idioma não era entendido, portanto não conseguia se comunicar com as pessoas. Ele descobre uma biblioteca dentro do terminal e começa a ler livros em inglês e a traduzir para sua língua e vai conhecendo algumas palavras, sempre sobre a vigilância das câmaras.

O dinheiro acaba. E o que ele faz? Observa as máquinas no aeroporto e descobre como ganhar dinheiro. Começa a carregar carrinhos vazios deixados pelos passageiros e a colocá-los no lugar e, quando os guardava a máquina soltava alguns centavos de dólares e com isso ele começa a se manter no terminal o que incomoda os seus observadores que acham uma maneira de acabar com o seu pouco sossego mandando outro fazer seu trabalho que ele fazia sem ser indicado para tal. Até que surge alguém que o quer ajudar e o faz de cupido e dá-lhe comida por cada arranjo, cada frase, cada informação. Sempre sendo observado. Melhora para ele quando um romeno ou kracoviano passa por maus momentos por que estava transportando remédio para o pai doente mas que os remédios iriam ficar no aeroporto. O rapaz implora, pede, e tenta agredir e é aquele “fusuê”. Ele é chamado para traduzir o que o rapaz falava. Ele descobre que pela regra do aeroporto o remédio para animal não ficaria preso. Quando estão levando o rapaz preso ele diz “bode” que imagino ser “pai” na língua do outro personagem . É repetida várias vezes essa palavra e o rapaz pode sair levando o remédio, agradecendo-o efusivamente Enquanto o chefe vai “acabando com o Tom Hanks, sua mão cai numa máquina copiador e fica saindo cópias de sua mão. Acabado o epsódio ele sai e ao passar pelos mesmos lugares em que era tido como terrorista, um mal feitor, um assassino, e evitado ele é aplaudido e cumprimentado e ganha o apelido de” bode” que ajudou o rapaz a sair de lá são e salvo e a salvar a vida de seu pai. Passou a herói. Sua mão xerocopiada é estampada em todos os lugares do terminal.

Começa para ele uma nova fase. Ganha um emprego, porque à noite ele resolve pintar uma parede que de tão bem pintada lhe garante o trabalho remunerado oficialmente no aeroporto.
Acaba se apaixonando por uma aeromoça que sempre desembarca naquele terminal, que fica sua amiga e o convida para jantar mas ele rejeita por fala de dinheiro. Ele começa a trabalhar em outra coisa para conseguir o dinheiro. Compra um terno novo. Paga o jantar que todos o ajudaram a preparar. O restaurante era no ...aeroporto. Não dá certo pois ela tem um amante há muitos anos.

Mas o que intriga o pessoal da segurança é que ele trazia com ele uma lata de chocolates, que ninguém sabia o que havia nela e E suscitou uma porção de dúvidas na segurança que mandou várias pessoas bisbilhotarem o que havia naquela lata. Até raio x ele tirou. Nada! E ele não mais nem tentou sair do terminal deixando ainda mais irritado o chefe de segurança. Ele queria sair para Nova York, pois seu pai havia falecido sem ter tido a correspondência que eles haviam combinado. Em sua terra houve um festival de jazz; seu pai era fascinado pelo jazz e foi ao concerto e pediu autógrafos dos músicos faltando apenas de um deles o que seu pai esperou que mandasse o autógrafo pelo correio durante toda a vida Só faltava a de um dos amigos do pai e a latina era o depósito onde seu pai colocava as correspondências recebidas. Só faltava a desse amigo que ele queria ir buscar e completar a vontade do pai.

A guerra acaba e ele já pode sair do aeroporto. Mas, o chefe da segurança o chama e diz que ele tem de voltar para seu pais. Ele se recusa. Quer ir à cidade de Nova York. O chefe diz que tem de ir para seu país. E aí o chefe da segurança chantageia. Prende seu amigo indiano que trabalha há vinte anos naquele terminal por agressão e morte de um soldado. O rapaz de quem ele foi cupido e que acabou se casando era também um foragido que ele mandaria embora deixando a recém casada sozinha. E assim vai por uma série de chantagens e ele acaba cedendo vai embora. Mas um segurança, na hora que os amigos o estavam execrando, chamando de covarde, conta para o indiano, o que estava acontecendo e ele se entrega às autoridades de forma magistral. O mesmo acontecendo com o latino e com todos que resolveram acabar com o “escondido” para ajuda´-lo. Inclusive um dos seguranças encarregado de prendê-lo na saída, entrega a ele um sobretudo pois que em Nova York estava nevando. Tudo sendo presenciado pelo chefe de segurança através das câmeras que não estava entendendo nada!
Ele sai procura o amigo do pai que assina o documento para ele. Ele volta para casa. Para o seu país.

Mas por que eu contei o filme? Que Desmancha prazer! É que sem contar o filme não haveria como entender o que vou falar agora: Todas as pessoas que estavam trabalhando no terminal eram fugitivos de algum lugar e completamente descobertos pelo sistema de segurança que os explorava fingindo ignorar a sua situação. Para mantê-los submissos.

Desde o primeiro passo dentro do terminal as pessoas são monitoradas não tendo para onde se esconder.

A falta de humanidade do povo americano, principalmente dos que detém o poder de alguma forma é de estarrecer sendo inclusive premiada. O segurança se transformou em no”todo poderoso” do terminal.

Tom Hanks passou por várias situações de limite e não cedeu às chances colocadas à sua disposição pelo sistema de segurança. Em nenhum momento cedeu às críticas promovendo a discórdia no ambiente. Foi fiel aos companheiros, leal, amigo e sempre que podia, em condições desfavoráveis para ele ainda ajudava quem precisava.

As pessoas quando se vêm pressionadas pela fome, recorrem ao fácil: o roubo, o que é justificável até legalmente. Ele não. Parou, observou como deveria fazer para conseguir dinheiro e alimentar-se. Trabalho. Foi trabalhar. Não se humilhou esmolando. Foi humilhado, mas não se humilhou roubando ou se delinqüindo.

A covardia do sistema americano foi mostrado aos quatro cantos do mundo. Os imigrantes são explorados, sim. Trabalham muito, são chantageados e, só se livram quando a verdade vem à tona. ( quando podem).

A meu ver Tom Hanks, nesse filme dá exemplo de valor, de honra de caráter, de amor familiar e filial e a ele mesmo, que emociona e corrobora a minha tese: só rouba quem quer e não tem caráter, quem quer o caminho fácil e, sem grandes esforços. O que ele quer o outro já ganhou é só ir lá e tirar ( a força).

Por isso no dia do Trabalho vou lembrar que Deus disse que nos viveríamos com o suor do rosto; que nos Dez Mandamentos ele diz: “Não roubarás, não matarás, ( não abortarás - implícito)”.

Que o Dia do Trabalho seja abençoado com a condição de trabalho mais humana para todos e que não falte trabalho. Qualquer que seja! Que os nossos governantes se espelhem nesse filme, que assistam com atenção e vejam o que os valores familiares e morais fazem por nós. Dão-nos a paz a tranqüilidade – Tom Hanks foi embora feliz porque foi hoensto e fiel aos princípios familiares que aprendeu a conservar. Isso é amor. Amor pleno. Real. Verdadeiro. Que o exemplo não fique nas bilheterias ou nas locadoras.